ABPA projeta novos recordes de consumo para o próximo ano
O consumo de carne pela população brasileira sofreu uma queda histórica em 2020, com a elevação do preço e a dificuldade de obtenção de renda durante a crise sanitária trazida pela pandemia. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que, no ano passado, o consumo de carne bovina foi de 29,3 quilos por habitante – o menor patamar em 25 anos. Mas a turbulência no cenário traz sinais negativos principalmente para a população: o setor de avicultura e suinocultura se beneficiou com a substituição da proteína bovina, com projeções para 2021 e 2022 que batem recordes históricos de produção, exportações e consumo, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “O aumento do preço nas gôndolas foi decorrência do custo das produções. A substituição da proteína deve se consolidar como um padrão de consumo para aves suínas e frango”, avalia o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin.
Com relação à carne de frango, a associação estima que a produção deverá alcançar, neste ano, até 14,3 milhões de toneladas, número 3,5% superior ao registrado no ano passado. Já o volume projetado para 2022 poderá chegar até 14,9 milhões de toneladas, volume 4% maior em relação ao ano de 2021. Em exportações, as projeções apontam para embarques totais neste ano de até 4,5 milhões de toneladas, número 8% superior ao alcançado em 2020. Em 2022, as vendas internacionais poderão chegar a 4,7 milhões de toneladas, volume que supera em 5% as exportações projetadas para este ano.
Os dados demonstram que o aumento do preço do frango nas prateleiras também está acontecendo para as exportações e, segundo a associação, é decorrente de uma questão de custo de insumos que precisa ser repassado tanto no mercado interno quanto no externo para conferir equilíbrio à produção. Em 2021, o destino principal da carne de frango brasileira foi a China, com 14% – taxa 4% menor do que no acumulado, mas ainda em patamares altos. Os maiores exportadores representam o Sul, sendo que todos os estados tiveram crescimento em seus percentuais: Paraná (40%), Santa Catarina (23%) e o Rio Grande do Sul (16%).
No caso de carne suína, a produção deverá alcançar neste ano até 4,7 milhões de toneladas, número 6% superior ao registrado no ano passado. Já o volume projetado para 2022 poderá chegar até 4,8 milhões de toneladas, volume 4% maior em relação a 2021. Em exportações, as estimativas apontam para embarques totais neste ano de até 1,1 milhão de toneladas, número 10,5% superior ao alcançado em 2020. Em 2022, as vendas internacionais poderão chegar a 1,2 milhão de toneladas, volume que supera em 7,5% as exportações projetadas inicialmente.
A China continua como o maior e principal destino das exportações de carne suína brasileira, com 49%. Os maiores exportadores são Santa Catarina, responsável por mais da metade das exportações, Rio Grande do Sul, com 27%, e Paraná, com 14%. “É um marco histórico muito positivo para o setor de suíno, que consolida essa presença cada vez maior na mesa do brasileiro, tendo um crescimento de 4% projetado para 2022. O aumento de custos faz com que cresça o preço na prateleira, mas crescem as exportações e, em decorrência, a oferta de mercado interno”, avalia Santin.
Desafios e perspectivas do setor
Segundo a ABPA, o custo de insumos é um desafio que ainda perdurará. “Nosso produtor agora também está produzindo safras que vão ser boas, mas são produzidas com custos muito mais altos e atrelados à alta do dólar”, explica Santin. A expectativa da associação é de que o custo seja estável em patamares altos. No ano anterior, a produção de cereais de inverno no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina cresceu mais de 25%. Muito está sendo exportado, mas também foi um elemento de alternativa importante para as indústrias utilizarem em suas rações, algo que está se tornando uma prática recorrente. Além dos insumos, os custos de produção também representam desafios – embalagens, diesel e papelão também sofreram reajustes.
Também é possível notar, a partir das análises da associação, os benefícios trazidos pelos auxílios emergenciais, que geraram aumento de consumo das proteínas, muitas levadas pelo efeito de substituição da carne bovina. De acordo com a ABPA, 50% a 60% do valor total dos auxílios foram utilizados em consumo de alimentos. Nos gaps de períodos sem auxílios emergenciais, de dezembro de 2020 a abril de 2021, houve quedas de consumo, e uma retomada a partir de maio, quando entrou a nova ajuda governamental. Agora, as expectativas seguem em alta com a entrada do Auxílio Brasil.
“Apesar de os custos estarem num patamar alto e seguirem altos para 2020, também vemos que é possível um aumento de consumo e uma sustentação em 2022 pela chegada do Auxílio Brasil, aumento do salário mínimo e da própria retomada da atividade econômica e crescimento do Brasil. Esses são panoramas que podemos olhar de maneira positiva para os setores de aves, suínos e ovos”, conclui Santin.
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