Menos risco é baixo ganho. Como fugir da velha máxima?

Todos os perfis de investidor devem diversificar a carteira de investimento

Não faz sentido colocar todos os ovos na bolsa de valores, correndo o risco de perder dinheiro, para ter um ganho de 15% no melhor dos cenários

Muitos poupadores ainda têm em mente que guardar dinheiro é colocar na poupança pelo baixo risco. Ledo engano. Hoje existem opções de investimento mais seguras e rentáveis de renda fixa que permitem investir para objetivos futuros ou ter uma reserva de emergência de forma muito mais atraente. No outro extremo, temos os investidores que acreditam que para ter rentabilidade é preciso arriscar alto, que baixo risco significa baixo ganho. Não é bem assim que o mundo dos investimentos funciona e tudo depende de cenário econômico e político.

Para o primeiro perfil, é preciso esclarecer que a poupança está rendendo menos que a inflação, ou seja, o dinheiro vai desvalorizando enquanto está lá, ainda mais em um período de inflação alta. Além disso, a poupança só rende quando ela faz aniversário. Isso significa que se alguém deixar um valor nela por 29 dias e resgatar por conta de alguma emergência, o rendimento dela será zero. Ela só rende no 30º dia. Já em outras opções como o CDB, a compensação é diária. Você sabia disso?

O segundo grupo deve entender que a renda fixa possui excelentes opções com bom rendimento e que risco não necessariamente significa ganho. Em ambos os casos, é preciso conhecer as opções. Infelizmente, a tendência do mercado é sempre comparar as opções de renda fixa com as de renda variável.

A verdade é que todos os perfis de investidor, dos conservadores ao mais arrojados, devem diversificar a carteira de investimento. Aqui vale novamente falar sobre a importância de não colocar todos os ovos na mesma cesta. Você pode investir em renda variável, ter ações na bolsa, fundos imobiliários ou produtos de investimento no exterior, mas também tem que buscar alternativa de renda fixa para equilibrar os ganhos e também as variações.

A proporção desses componentes não deve ser sempre igual. É aí que está o pulo do gato. Dependendo do cenário, a carteira deve ter mais renda fixa, mais ações no exterior, mais ações no Brasil ou fundos imobiliários. No cenário atual de juros subindo rapidamente, inflação descontrolada e incerteza muito grande no curtíssimo prazo (com indefinição do cenário eleitoral e das políticas que serão adotadas pelo novo governo), optar pelo que é garantido é a melhor opção. E com boa rentabilidade.

Para se ter uma ideia, em plataformas fora dos bancos tradicionais, CDBs e outros ativos bancários livres de risco já oferecem 12% e até 13% de ganho ao ano. Sendo assim, não faz sentido colocar todos os ovos na B3, correndo o risco de perder dinheiro, para ter um ganho de 15% no melhor dos cenários. A diferença é muito pequena e o risco é muito grande, além do estômago para lidar com as possíveis perdas e incertezas.

Os investidores mais experientes já vêm percebendo essa movimentação, diminuindo sua fome de risco e ampliando a parcela de renda fixa em suas carteiras. A tendência é que o cenário de indefinição se mantenha pelos próximos 18 meses no mínimo. Sendo assim, a renda fixa deve ser a melhor opção por algum tempo, pelo menos no curto prazo.

Mas nem só de CDBs vive a renda fixa. As LCIs e LCAs sempre foram muito procuradas porque são os únicos ativos bancários isentos de imposto. Tanto eles quanto o CDB são muito bons porque têm risco zero se mantidos dentro da garantia do fundo garantidor de crédito.

Outras alternativas são as emissões de crédito privado, que incluem basicamente os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) e debêntures incentivadas. Existem opções de CRIs e CRAs que pagam CDI + 3, inflação + 5, tudo isso livre de imposto. Essas opções são lançadas no mercado, mas têm um certo limite de oferta, razão pela qual é preciso estar atento e manter contato com o seu assessor de investimentos.

Para escolher a melhor opção na renda fixa, é importante acompanhar taxas como CDI, que está rendendo abaixo da inflação, e IPCA, analisar as opções pré-fixadas. É hora de fugir dos bancos tradicionais e ir para instituições menores (desde que façam parte do Fundo Garantidor de Crédito). Essas empresas oferecem taxas até 50% a 100% maiores do que os bancos tradicionais.

Muitas pessoas ainda acham que abrir conta de investimentos só é possível na bolsa de valores e não é assim. É possível abrir contas em corretoras de câmbio, bancos de investimentos e outras instituições de forma muito fácil. É mais simples do que abrir em um banco tradicional, que na maior parte das vezes requer ir pessoalmente à agência e levar documentos como comprovante de residência e RG. Nessas plataformas é possível abrir uma conta de investimentos de forma on-line.

Vale a pena alertar também que investir é uma forma de proteger o patrimônio e evitar perdas com golpes como os do Pix, que vem assustando com roubos de celulares e sequestros. O dinheiro guardado em fundos de investimentos, ainda que com resgate diário ou mesmo em ações, não pode ser retirado por qualquer um com celular. A conta corrente deve ser usada para as transações do dia a dia, não para investir.

É preciso entender que investir não se trata necessariamente de assumir riscos ou que segurança só existe na poupança. Investir é explorar tudo o que o mercado tem de proteção e crescimento do seu patrimônio, atingindo seus objetivos da melhor forma possível.

*sócio e diretor comercial da EWZ Capital, assessoria de investimentos filiada ao BTG Pactual

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