Estiagem deve limitar crescimento da economia do Sul

Avaliação é do Banco Central no boletim regional

O BC lembra que o menor volume de chuvas levou grande número de municípios a decretarem emergência

Indicadores recentes de atividade sugerem acomodação no cenário de recuperação da economia do Sul. Essa é apenas uma das conclusões do Banco Central (BC) em seu boletim regional publicado nesta terça-feira (22). “No último trimestre de 2021, as atividades registraram resultados mistos, destacando o avanço da produção industrial e da agricultura, com a apropriação da colheita de trigo. De outra parte, comércio e serviços, sobretudo prestados às empresas, contribuíram para o arrefecimento na margem. Medida pelo IBCR-S, a economia do Sul cresceu 0,3% no quarto trimestre, revertendo queda de igual magnitude no intervalo anterior. No ano, o IBCR-S expandiu 6%, condicionado pelo avanço nos três setores, favorecidos pela base deprimida de comparação (recuo de 3,5% em 2020)”, revela o documento do BC.

No quarto trimestre, o comércio do Sul apresentou a retração mais intensa dentre as regiões. Em contexto de inflação elevada, sete das dez atividades pesquisadas apresentaram queda, acentuando a redução observada no terceiro trimestre. “Em 2021, o varejo ampliado cresceu, com expansão em seis atividades. Além do peso expressivo das maiores vendas de veículos, que em 2020 ficaram represadas por restrição de oferta, o retorno da mobilidade possibilitou a retomada do comércio de vestuário e calçados e de outros artigos de uso pessoal e doméstico. Em compensação, observaram-se recuos no comércio de alimentos (especialmente no Paraná e em Santa Catarina) e de móveis e eletrodomésticos, que haviam crescido em 2020”, detalha o boletim.

O BC revela que o setor de serviços apresentou leve retração no último trimestre de 2021, após altas nos cinco trimestres anteriores. “Apesar desse resultado, o volume de serviços de transportes e, em especial, de serviços às famílias assinalaram crescimento nessa métrica. Esses segmentos foram os principais fatores explicativos para expansão significativa do setor em 2021, favorecidos pela maior mobilidade propiciada com o avanço da vacinação”, detalha o documento.

No quarto trimestre, a produção industrial expandiu em nove das dezoito atividades pesquisadas no Sul, especialmente produtos alimentícios, veículos, máquinas e equipamentos, derivados de petróleo e biocombustíveis e outros produtos químicos, responsáveis, em conjunto, por aproximadamente 56% do setor fabril regional. “Tal desempenho se sobrepôs ao aprofundamento observado nas retrações da metalurgia, têxtil e produtos de madeira. Em 2021, com a maior expansão dentre as regiões, a indústria do Sul cresceu 9,3% – altas em todas as atividades, exceto na fabricação de alimentos. Os empresários industriais mantiveram-se otimistas em janeiro de 2022, embora em patamar inferior aos de janeiro e outubro de 2021”, destaca o BC.

A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas da região Sul deverá totalizar 80,2 milhões de toneladas em 2022 (serão 3,4 milhões de toneladas a mais, comparativamente ao ciclo produtivo anterior). “O acréscimo é estimado essencialmente pela expectativa de elevação das colheitas de segunda safra, notadamente milho, em contexto de condições climáticas desfavoráveis nos três estados que resultaram em queda significativa na produtividade esperada das lavouras, especialmente soja, milho e feijão”, diz o boletim. O BC também lembra que o menor volume de chuvas levou grande número de municípios a decretarem emergência, situação que limita a captação de água para utilização em cultivos irrigados, impactando, também, a produtividade do arroz.

A evolução da atividade econômica no quarto trimestre contribuiu para reduzir a assimetria observada entre os setores ao longo de 2021. “Embora as perspectivas permaneçam positivas para 2022, os impactos da forte estiagem sobre a produção agrícola nos três estados e o aperto mais intenso nas condições financeiras devem limitar o crescimento da economia no ano. Contudo, a atividade segue sendo favorecida pelo processo remanescente de normalização da economia, contribuindo para a recuperação do mercado de trabalho”, finaliza o BC.

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Avaliação é do Banco Central no boletim regional

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