Culturas como a da cana-de-açúcar têm apenas 2% de cobertura no Brasil e são diretamente beneficiadas por seguros paramétricos como o Agrymetric
O modelo atual de seguro rural nem sempre atende às necessidades do produtor. Mesmo quando atende, ainda pode ficar aquém do que poderia ser, caso utilizasse todos os recursos tecnológicos disponíveis para gestão do risco. Passar uma régua e indenizar pela média da produtividade pode ser um desestímulo para um agricultor de alta performance, da mesma maneira que fórmulas ultrapassadas deixam algumas atividades sem proteção viável contra o risco. No caso da cana-de-açúcar, por exemplo, apenas 2% das lavouras são cobertas por seguro atualmente no Brasil. Vale lembrar que a produção de uma lavoura não depende apenas das condições climáticas. Apesar de alguns eventos serem determinantes, como uma chuva de granizo ou uma estiagem prolongada, o manejo e o tipo de solo, dentre outras variáveis, também vão influenciar diretamente o resultado final. De todas estas variáveis, algumas o produtor consegue controlar, outras não.
Para customizar o seguro, garantindo adequação às necessidades do produtor e preço compatível, a Sombrero Seguros desenvolveu o Agrymetric, em parceria com a Agrymet e a empresa de gestão de riscos Horiens. “Quando falamos de proteção do valor de produção, não estamos falando apenas das condições climáticas, mas também das tecnologias, preparo do solo, as práticas agrícolas, riscos que não são inerentes à operação da seguradora. Quando ela é obrigada a assumir esses riscos, isso faz com que o seguro tradicional assuma muitas incertezas e encareça”, analisa Bárbara Sentelhas, CEO da Agrymet, especializada em agrometeorologia.
O Agrymetric é um produto paramétrico que utiliza a ciência de dados para chegar a um nível de proteção mais preciso, indo ao encontro da necessidade real do segurado. Diferentemente dos seguros tradicionais, os seguros paramétricos cobrem cada parâmetro de forma específica. “O Agrymetric é um híbrido. Unimos dois mundos, o da produtividade da planta e o do clima. Criamos modelos matemáticos que são baseados em 40 anos de base histórica climática e em modelos ecofisiológicos que ajudam a estimar o potencial produtivo de uma cultura. Produzimos modelos matemáticos para aquela área específica, para aquele tipo de cultura com o clima e solo locais”, detalha José Bernardo de Medeiros, Head de desenvolvimento de negócios da Sombrero Seguros. No caso do segmento sucroalcooleiro, por exemplo, existe uma grande dificuldade para enquadrar o risco inerente à atividade aos produtos tradicionais disponíveis e por isso a cobertura é próxima de zero.
O Agrymetric consegue separar o quanto de uma perda deve-se à influência do clima e o quanto deve-se ao manejo. “A partir do momento em que você consegue separar perdas climáticas e perdas por manejo, a seguradora já não absorve esse risco da operação agrícola e consegue criar uma curva de risco atrelada às produtividades. O grande diferencial do Agrymetric é fazer o caminho inverso, a partir desta produtividade atribuída só à perda climática. Assim o segurado consegue entender qual é o risco que ele deseja transferir em termos de produtividade”, explica Sentelhas.“É uma discussão objetiva. Vamos imaginar que uma usina tem um caixa para o ano de R$ 1 bilhão. Se ela não fizer ao menos R$ 800 milhões ela quebra, então qual é a catástrofe climática que a faria perder esse valor? Assim determinamos quais os conjuntos de parâmetros climáticos que precisam ser acionados para obter aquele valor do risco que está sendo transferido”, exemplifica Medeiros. O Agrymetric foi apresentado ao público pela Sombrero Seguros em outubro de 2022 durante a 22ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol.
Culturas como a da cana-de-açúcar têm apenas 2% de cobertura no Brasil e são diretamente beneficiadas por seguros paramétricos como o Agrymetric