Sul conquista espaço na indústria da construção em dez anos

Concentração cai a menos da metade no mesmo período, nota IBGE

A região Sul teve o maior aumento de representatividade tornando-se a vice-líder no pais com o segundo maior valor gerado na construção

O Sudeste continua a ser a principal região em valor de incorporações, obras e serviços, e na ocupação, mas, entre 2012 e 2021, sua participação no valor gerado na construção, caiu de 51,7% para 48,2%. Por outro lado, a participação do Sudeste no total de postos de trabalho da Construção subiu de 47,8% para 49,4%. No caso da ocupação, houve ganho de participação porque o Sudeste perdeu menos postos de trabalho, proporcionalmente, do que as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. A região Sul teve o maior aumento de representatividade, variando de 13,5% em 2012 para 18,6% em 2021 e tornando-se a região com o segundo maior valor gerado na construção, ultrapassando o Nordeste. Essas são algumas das conclusões da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), publicada nesta quinta-feira (25) pelo IBGE (veja gráficos detalhados ao longo desta reportagem).

A indústria da construção gerou R$ 377,8 bilhões em valor de incorporações, obras ou serviços em 2021, sendo R$ 355,8 bilhões em obras ou serviços e R$ 22 bilhões em incorporações. Em 2021, o país tinha 147.389 mil empresas de construção, que empregavam 2.203.731 pessoas. Frente a 2020, o total de ocupados no setor cresceu 11,4%, maior taxa desde 2010, enquanto o total de empresas teve a maior alta anual desde 2013: 11,7%. O analista da pesquisa, Marcelo Miranda, destaca os principais pontos do cenário macroeconômico em 2021, primeiro ano após o início da pandemia, quando houve uma grave crise econômica, embora o setor da construção não tenha sido muito afetado.

“Em 2021, houve uma retomada do crescimento econômico: 5% de variação positiva no PIB, pós uma queda de 3,3% em 2020. Isso ocorreu apesar do desemprego e inflação em patamares significativos. Esta última atingiu a 10,6%. Houve também o início da elevação das taxas de juros, após atingir um piso de 2% no ápice da pandemia. Ainda assim, a taxa de juros manteve-se baixa, contribuindo positivamente para o segmento imobiliário. Podem ser destacados também como fatores positivos um processo de busca de uma parcela da população por imóveis relativamente mais adequados ao home office. Deve-se destacar igualmente o início do Programa Casa Verde e Amarela, em agosto de 2020, o que pode ter contribuído para impulsionar o setor da construção”, analisa Miranda.

Em 2012, as oito maiores empresas representavam 10,8% do setor, percentual que caiu para 4,3% em 2021. A concentração caiu sobretudo no segmento de obras de infraestrutura, de 24,6% em 2012 para 8,4% em 2021. No segmento de construção de edifícios, a redução foi de 1,5 ponto percentual: de 8,6% para 7,1% em dez anos. Em contrapartida, o segmento de serviços especializados para construção apresentou aumento na concentração, passando de 4,3% em 2012 para 7,3% em 2021. “Está havendo uma descentralização nas empresas, com a redução das grandes empreiteiras e a desaceleração das obras de infraestrutura. Uma mudança estrutural relevante é a perda de participação dos segmentos de construção de edifícios e de obras de infraestrutura no total de ocupados do setor. Enquanto isso, o número de postos de trabalho nos serviços especializados da construção subiu de 715,3 mil, em 2012, para 758,7 mil, em 2021”, avalia Miranda.

Concentração cai a menos da metade no mesmo período, nota IBGE

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