Agenda de longo prazo promove soluções englobando questões ambientais, sociais e de governança
O Paraná é o primeiro estado a unir a iniciativa privada e o poder público para promover, de forma concreta, a sustentabilidade. Nesta segunda-feira (25), o governo estadual lançou o primeiro comitê público-privado sobre ESG do país, juntando lideranças em prol de ações sobre questões ambientais, sociais e de governança. A iniciativa promove uma cooperação entre representantes de empresas públicas, privadas e secretarias estaduais, apresentando boas práticas existentes pelo mundo e criando novos projetos relacionados à sustentabilidade.
Na prática, o grupo passa a enfrentar de forma coordenada os desafios socioambientais do Estado. O comitê é liderado pelo Governo do Paraná e pelo Grupo Boticário, e já conta com a adesão de empresas como Klabin, JBS, Sanepar, Renault, Itaipu e Volkswagen.
“A atenção à sustentabilidade precisa promover equilíbrio entre geração de emprego, preocupação social e preocupação ambiental. Nosso objetivo será atingido quando cada cidadão paranaense tiver a consciência de que esses três pilares estão integrados e devem caminhar juntos”, ressaltou o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
A proposta é que uma nova reunião seja realizada até dezembro para definir uma pauta de até dez objetivos estratégicos e escolher representantes de cada grupo de trabalho. Na sequência, as ações serão desenvolvidas de forma paralela. A cada seis meses, o comitê se encontrará para analisar os resultados alcançados.
Artur Grynbaum, vice-presidente do Conselho do Grupo Boticário e co-líder da iniciativa, pontua que a parceria é uma inovação, podendo ser replicada e virar exemplo para outras regiões. De acordo com ele, do ponto de vista socioambiental, há enormes desafios no Paraná e no mundo. Através de uma dinâmica compartilhada entre os setores público e privado, será possível encontrar as melhores soluções.
“Vamos procurar estabelecer prioridades, remover barreiras e colocar os recursos necessários para avançar nessa agenda composta por questões ambientais, sociais e de desenvolvimento econômico. Queremos não só um melhor ambiente de negócios, mas uma melhor qualidade de vida para toda a população. Vai ser um trabalho muito rico e produtivo”, afirmou Grynbaum.
A ponte com as empresas para a construção do comitê foi realizada pela Invest Paraná, autarquia responsável pela atração de investimentos no Estado. Eduardo Bekin, diretor-presidente da instituição, explica que a metodologia será construída de forma conjunta.
“O governo precisa se engajar na pauta ESG e, para isso, precisávamos ter a metodologia e a assertividade que empresas referência no tema possuem. Quem vai tocar o grupo é o setor privado, encabeçado pelo Grupo Boticário, criando reuniões periódicas e semestrais. O governo vai colaborar através das secretarias, engajado juntos aos presidentes das empresas”, detalhou.
Objetivos
Dentre os desafios possíveis de serem abarcados pelo comitê, estão soluções para a crise hídrica, energia renovável, emissão de gases poluentes, tratamento de resíduos sólidos, além de capacitação de grupos minoritários para empregabilidade pelo setor privado. A neutralidade na emissão de carbono é um dos tópicos que o diretor de Assuntos Governamentais da Volkswagen, Antônio Megale, aponta como uma medida que está sendo adotada pela empresa e que pode ser compartilhada.
“Essa iniciativa é excepcional porque colocamos juntos a iniciativa privada e pública para analisar as melhores práticas sendo realizadas no Estado. Temos a meta de zerar a emissão de carbono no nosso grupo até 2050, reduzindo em 50% até 2025. Vamos trazer essas iniciativas que temos internamente para o debate com outras empresas e com o Estado pensando em promover o bem para a sociedade”, afirmou o diretor.
Esse tópico é um possível ponto de acordo entre os atores. O Paraná já é signatário de dois acordos da Organização das Nações Unidas (ONU) que promovem ações para minimizar as mudanças climáticas: a Race to Zero, que tem como meta zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, e a Race to Resilience, que almeja tornar 4 bilhões de pessoas de comunidades vulneráveis resilientes às mudanças climáticas até 2030. Do lado das empresas públicas, a cooperação pode acelerar a criação de novas ações de impacto socioambiental.
Agenda de longo prazo promove soluções englobando questões ambientais, sociais e de governança