Os cinco desafios da gestão de pessoas para 2023

Tornar o ambiente de trabalho mais saudável é um deles, ensina o cofundador da Medipreço

Diferente do que atraia as gerações anteriores, como a Geração X, estabilidade e salário não são suficientes para evitar o déficit de mão de obra, destaca Bruno de Oliveira neste artigo

Atender aos anseios de diferentes gerações em um negócio é uma realidade e um desafio que impacta os resultados das empresas. As gerações mais novas estão em busca de desenvolvimento pessoal e propósito. Já as mais antigas privilegiam a estabilidade. Diante disso, como a gestão de pessoas deve atuar? O período pós-pandemia tem apresentado novos desafios para as organizações, em especial no que diz respeito ao gerenciamento da equipe. A seguir, estão listados cinco dos principais desafios da gestão de pessoas para o próximo ano:

Habilidade para lidar com três gerações
Segundo estimativas de mercado, a geração Y (nascidos a partir de 1980) vai representar 70% da força de trabalho até 2030. Este dado é importante porque essa é a faixa etária que mais sofreu com a pandemia devido a fatores como o trabalho remoto, aumento do desemprego e de transtornos de ansiedade. Entre as mudanças, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal foi a principal. Esse movimento teve desdobramentos como o tão falado Quiet quitting, movimento global em que os colaboradores se esforçam para entregar apenas para o que foi contratado, priorizando a vida pessoal acima de tudo. O grande desafio para os gestores, portanto, é engajar o colaborador e fazer com que ele se sinta acolhido pela empresa. Diferente do que atraia as gerações anteriores, como a Geração X, estabilidade e salário não são suficientes para evitar o déficit de mão de obra. As gerações Y e Z querem trabalhar por um propósito e, segundo pesquisa da Workmonitor, 55% dos trabalhadores afirmam que deixariam o emprego se isso interferisse em suas vidas pessoais.

Reter talentos
O número de pedidos de demissão tem chamado a atenção de especialistas. De julho de 2021 a julho de 2022, 6.467 milhões de colaboradores saíram de seus empregos, de acordo com um levantamento da LCA Consultores. Como os custos de desligamento podem chegar a um ano de salário do colaborador e a reposição pode custar duas vezes seu salário anual, essa tendência tem impactado negativamente as organizações. Mas o que será que tem feito com que, mesmo em um período de crise econômica, os pedidos de demissão continuem aumentando? A McKinsey liderou um estudo (Great Attrition) para entender essa questão e apontou os principais motivos para a mudança: chefes indiferentes, expectativas inalcançáveis e falta de oportunidade de crescimento.

Tornar o ambiente de trabalho mais saudável
No pós-pandemia, o tema saúde se tornou prioridade. Saúde mental foi top trending nas buscas do Google, e o Relatório de Saúde Mental da OMS, divulgado em 2022, apurou que os casos de depressão aumentaram 28%, e os de ansiedade, 26%. Para as empresas, afastamentos implicam em perda de produtividade, aumento dos custos médico-hospitalares e absenteísmo. Mas isso não é tudo. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) afetam quatro em cada dez brasileiros (IBGE) e são a principal causa de óbito em adultos com mais de 35 anos. São mais de 60 milhões de pessoas convivendo com uma DNCT, mas apenas 20% desse grupo segue o tratamento médico adequado. Entre as principais causas para essa interrupção estão o alto custo dos medicamentos e seu impacto no orçamento familiar.

Usar dados para tomar decisões
A tecnologia ajudou a amenizar os desafios impostos pela pandemia: trabalho remoto, aplicativos de entrega, videochamadas. Com isso, a transformação digital foi acelerada e mesmo os gestores mais reticentes precisaram se adaptar e inovar. Se o volume de dados coletados já era alto, no pós-pandemia isso se tornou um grande desafio. De acordo com pesquisa Data Paradox (Paradoxo dos Dados) da Dell Technologies e Forrester Consulting, quase metade das empresas brasileiras, 47%, estão sobrecarregadas com o volume e a variedade de dados e não conseguem lidar com eles. Sem análise, informações valiosas que poderiam contribuir para a tomada de decisões mais assertivas são perdidas. Esses insights também poderiam ser usados para melhorar a experiência dos colaboradores, mas estão sendo desperdiçados.

Oferecer benefícios que atraem e fidelizam
Os benefícios corporativos sempre tiveram um papel importante na atração de talentos. Porém, com as mudanças de percepção do valor do trabalho e das prioridades relacionadas à qualidade de vida e ao bem-estar, eles se tornaram um meio de demonstrar comprometimento e atenção com o funcionário. Dessa forma, as empresas podem melhorar o engajamento da sua equipe e, consequentemente, sua produtividade. O desafio está, justamente, em oferecer benefícios atrativos e conectados com a expectativa dos colaboradores.

Todos esses cinco desafios demandam uma mudança de cultura organizacional. É fundamental que as empresas tenham essa consciência para ser realmente um lugar atrativo para todas as pessoas, independentemente de suas idades e anseios.

*Cofundador da Medipreço, healthtech que atua com oferecimento de benefícios corporativos, com sede em Brasília (DF)

Tornar o ambiente de trabalho mais saudável é um deles, ensina o cofundador da Medipreço

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