Busca por flexibilização e equilíbrio entre vida pessoal e profissional torna colaboradores mais exigentes em relação aos seus postos de trabalho
De acordo com pesquisa do site de recrutamento Empregos.com.br, três em cada quatro trabalhadores têm a intenção de encontrar novos postos de trabalho. Esse relatório está em consonância com fenômenos recentes das grandes demissões e do quiet quitting, que trazem um número elevado de profissionais que desejam mudar de emprego nos próximos meses. Segundo a pesquisa 81% dos entrevistados estão insatisfeitos com os empregos atuais. Para o escritor Uranio Bonoldi, especialista em carreira e negócios, há um movimento crescente na busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional que explica o atual momento do mercado de trabalho.
“Essa tensão já vinha desde antes da pandemia, quando se discutiu intensamente a questão do burnout. As pessoas estão mais conscientes dos riscos de esgotamento mental e físico que o trabalho pode causar”, diz. Já com o isolamento social e outros aspectos emocionais, cresceu o número de pessoas a reavaliar suas carreiras, identificando aquilo que as incomodavam e precisaria ser mudado. Bonoldi observa que os trabalhadores agora rejeitam com mais veemência empregos onde não sintam que seus esforços sejam devidamente recompensados. “Não vale a pena sacrificar tempo e energia com empresas que não proporcionam a valorização do colaborador de forma proporcional ao seu empenho e desempenho”, diz.
E isso poderá se tornar um problema para o mercado. Um estudo deste ano da consultoria Deloitte aponta que, em um futuro próximo, as empresas terão mais dificuldades para encontrar mão de obra qualificada. “Isso vale especialmente para postos de trabalho que têm maiores responsabilidades, que exigem maior grau de expertise, e cujos trabalhadores muitas vezes têm liberdade de optar por passar um período sem trabalhar até encontrarem algo que esteja à altura de suas expectativas. Sem esses profissionais, as empresas terão mais dificuldade para executar seus projetos e atingir metas”, pontua o escritor.
Uranio Bonoldi, assim, aposta que a flexibilidade no trabalho, aliado à valorização bem balanceada e justa do colaborador, deverão ser os fatores que mais irão atrair profissionais de alto desempenho. “Acredito que, nos próximos anos, o desafio será fazer com que as empresas encontrem formas de flexibilizar o trabalho de acordo com suas áreas de atuação, garantindo o máximo de resultados sem que isso implique no esgotamento dos profissionais. Também é necessário pensar nas políticas de retenção para garantir que os melhores colaboradores permaneçam nas companhias. Assim, é possível um mercado de trabalho onde todos de fato saem ganhando e a real colaboração entre as partes floresça”, finaliza.
Busca por flexibilização e equilíbrio entre vida pessoal e profissional torna colaboradores mais exigentes em relação aos seus postos de trabalho