Maior ambição foi o legado deixado pela COP 26

Participação da sociedade na Conferência do Clima também foi marcante

Quase 40 mil pessoas estiveram presentes na COP 26, além dos negociadores de centenas de países

A maior ambição foi o principal legado deixado pela COP 26. Essa é a conclusão de Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, e de Carlo Pereira, diretor executivo do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil. “As negociações chegaram a um bom termo e foram especialmente concluídas, principalmente no tema que iria definir as regras do Acordo de Paris, entre elas a do artigo 6. Se concluiu com ajustes correspondentes, garantindo a integridade ambiental dos projetos e da necessidade que realmente se tenha uma redução das emissões com o uso do mecanismo de mercado com precificação de carbono”, declarou Soto ao Portal AMANHÃ.

Para o executivo da Braskem, a COP 26 deixou claro que a pressão em todos os países e para as empresas será alcançar a neutralidade de carbono até 2050 (ou 2060) de uma forma acelerada e, inclusive, com metas de curto prazo. O objetivo é alcançar a neutralidade de carbono que garanta, de alguma maneira, 1,5°C de mudança máxima de temperatura em relação à era pós-industrial. Isso significa reduzir em 45% até 2030 emissões globais em relação a 2010. “Isso coloca uma pressão enorme nos países e nas empresas também. O ponto principal foi a conquista de ter essa ambição maior”, reitera Soto. Ele ainda lembra que os países se comprometeram com a revisão de seus compromissos até a COP 27, em 2022, e que também vão reavaliar de cinco em cinco anos se as metas em relação aos próximos dez anos estão levando – ou não – à mudança exigida.

“A COP foi muito boa. Olhando a foto somente alguém pode ficar meio insatisfeito, mas olhando o filme é melhor”, compara Pereira. “E como os países apresentaram compromissos mais ambiciosos, e como a COP terá uma cobrança e acompanhamento permanentes, isso será melhor, pois também dá chances para as nações monitorarem e melhorarem seus compromissos”, resume. Ele também destaca os inúmeros compromissos bilaterais e multilaterais envolvendo empresas e nações, como o do carvão (que o Brasil não foi signatário), metano e desmatamento (assinados pelo Brasil).

Pereira e Soto lembraram do grande acordo envolvendo o setor financeiro. Foi lançada uma aliança envolvendo mais de 450 companhias envolvendo 45 países que gerenciam US$ 130 trilhões em ativos. “Essa aliança, chamada Glasgow Financial Alliance for net zero, se comprometeu a não financiar mais investimentos em empresas que utilizem e estejam envolvidas na produção de energia fóssil”, recorda Soto. 

Outro aspecto foi a participação da sociedade na Conferência do Clima, além da importância da ciência em razão da pandemia da Covid-19. Quase 40 mil pessoas estiveram presentes na COP 26, além dos negociadores de centenas de países. “Indígenas, negros e jovens estiveram lá. As Gretas da vida estavam sempre lá presentes dizendo que queriam ser ouvidas no processo de descarbonização da economia. E, de alguma forma, foram ouvidas, pois muitas das questões relacionadas no documento final da COP 26 incluem a citação desses grupos minoritários”, afirma Soto.

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