Seguradoras especializadas, como a Sombrero, alertam para o esgotamento do subsídio concedido pelo governo
A janela do vazio sanitário (período no qual não se pode ter plantas de soja nas lavouras) no Rio Grande do Sul acabou em 10 de outubro. Desse período em diante, ocorre um sprint final na “corrida” para a venda de apólices de seguro agrícola no estado, segundo maior contratante deste serviço no Brasil, atrás apenas do Paraná. A oleaginosa sozinha responde por 43% do mercado, que tem crescido de forma consistente. Nos últimos cinco anos, o valor assegurado pelos gaúchos saltou de R$ 2,3 bilhões, em 2018, para 12,2 bilhões, em 2021 (+422%). Os dados são do Atlas do Seguro Rural, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Uma questão que tem preocupado o setor de seguro agrícola é que a venda de apólices depende em boa parte do subsídio do governo federal, disputado entre todos os estados brasileiros. De janeiro até 23 de setembro de 2022, segundo o Atlas do Seguro Rural, o governo pagou R$ 915,7 milhões em subsídios. O previsto para o PSR 2022 foi de R$ 1 bilhão. “Há toda uma movimentação entre as entidades representativas do agro para a liberação de recursos complementares, mas até agora não houve uma confirmação de que haverá dinheiro extra para a subvenção”, explica Wilson Sartori, cofundador da Sombrero, responsável pela área de agronegócio da seguradora, que tem um olhar especial para os produtores do Rio Grande do Sul.
A Sombrero entrou no mercado de seguro agrícola em janeiro deste ano, o que significa que o início de setembro marca a primeira rodada de venda de apólices para uma safra de verão. Mesmo assim, a companhia já é a quinta maior empresa do ramo do Brasil e tem mirado na escalada desse ranking. “Somos uma empresa recém-chegada ao mercado, com o DNA da inovação muito forte. Aliado a isso contamos também com a experiência de um time que já esteve à frente de instituições entre as mais importantes de seguro no Brasil, o que garante consistência desde os primeiros meses de operação”, enfatiza Leonardo Paixão, CEO da Sombrero.
Subvenção aumentou três vezes desde 2018
A subvenção (ou subsídio) é um aspecto importante para analisar a política de seguro agrícola. Trata-se de um valor destinado pelo governo para ajudar os produtores rurais a pagarem suas apólices. No caso da soja, o Programa de Seguro Rural (PSR) destina 20% para auxiliar os agricultores de todo o Brasil, com exceção dos do Norte e Nordeste, que recebem 30%. Há um limite por pessoa para esse subsídio (até R$ 60 mil para grãos, por exemplo) e também no total, que no PSR 2023 está definido em até R$ 2 bilhões.
O subsídio do governo federal é a principal ferramenta do Mapa para incentivar a contratação de seguro agrícola pelos produtores, que aumentou três vezes de 2018 a 2021. O valor saiu de R$ 366,5 milhões em 2018 para R$ 1,1 bilhão em 2021, evolução que acompanhou o volume de recursos assegurado. Para 2023, o PSR prevê o dobro de recursos, o que sinaliza uma expectativa do Mapa de que a expansão do mercado de seguro agrícola siga em ritmo acelerado no ano que vem.
O mercado de seguro agrícola no Brasil se concentra, sobretudo nos grãos, que respondem por 71,5% de todas as apólices. Os três estados que mais concentram apólices têm destaque na produção desse tipo de produto, apesar de não serem os campeões nacionais. São eles: Paraná (38,3%), Rio Grande do Sul (21,1%) e São Paulo (13,6%). “Isso se explica porque a quantidade de apólices nesses locais reflete a maior quantidade de propriedades rurais, já que há mais produtores em áreas menores e mais pulverizadas”, comenta Sartori.
Seguradoras especializadas, como a Sombrero, alertam para o esgotamento do subsídio concedido pelo governo