Indústria nacional tem nova queda no ranking mundial de produção e exportação

País também caiu na lista dos exportadores de bens industriais

Em relação à participação do Brasil nas exportações mundiais da indústria de transformação, o aumento estimado pela CNI não deve ser suficiente para manter ou posicionar melhor o país no ranking mundial

O desempenho da indústria de transformação brasileira no mundo em 2021 refletiu a perda de competitividade do país nos últimos anos. Dados do estudo Desempenho da Indústria no Mundo, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontam que o Brasil perdeu posição no ranking mundial tanto de produção como de exportações no último ano em comparação com o ano anterior. O estudo também analisou os 11 principais parceiros comerciais do país: Alemanha, Argentina, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido. Entre eles, a China registrou o melhor desempenho na produção e na exportação de bens industriais.

A produção brasileira registrou recuo na participação mundial de 1,31%, em 2020, para 1,28%, em 2021, segundo a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido). Consequentemente, o Brasil foi ultrapassado pela Turquia e caiu para a 15ª posição no ranking. Já no indicador referente às exportações mundiais de bens da indústria de transformação, a fatia de participação brasileira cresceu de 0,77%, em 2020, para 0,81%, em 2021, de acordo com a estimativa da CNI. O aumento, no entanto, não deve ser suficiente para subir ou manter a posição do país no ranking, o que deve levar o Brasil a perder uma posição e passar de 30º para 31º lugar, perdendo espaço para a Indonésia.

“Para reverter essa trajetória de perda de participação nas exportações de bens industriais, precisamos de uma estratégia nacional de comércio exterior, que enderece os velhos desafios de competitividade como a burocracia e os resíduos tributários nas exportações e, ao mesmo tempo, amplie e aprimore nossas redes de acordos comerciais para evitar dupla tributação com parceiros estratégicos”, afirma Constanza Negri, gerente de comércio e integração internacional da CNI.

Apesar de melhora no desempenho nas exportações, Brasil perdeu posição
Em relação à participação do Brasil nas exportações mundiais da indústria de transformação, o aumento estimado pela CNI não deve ser suficiente para manter ou posicionar melhor o país no ranking mundial. “Apesar do aumento, o percentual está abaixo do registrado antes da pandemia de Covid-19 e não nos permite afirmar que o país conseguirá reverter a tendência de queda iniciada em 2012”, explica Constanza.

De acordo com o estudo, as exportações mundiais caíram 5,3% em 2020, e a estimativa da CNI indica um aumento de 20,4% em 2021. No Brasil, a queda nas exportações em 2020 representa mais que o dobro da média mundial (12,6%) e, para 2021, a estimativa é de um crescimento de 26,3%, acima da média global. Considerando o desempenho brasileiro e de seus 11 principais parceiros comerciais, além do Brasil, a China, a Argentina e os Países Baixos devem registrar tímido aumento nas respectivas participações – ao contrário de todos os demais países, que devem ter queda. A estimativa é que a Coreia do Sul, a Alemanha e o Japão registrem as maiores perdas de participação entre 2020 e 2021, considerando os parceiros comerciais do Brasil avaliados. Mesmo assim, os dois últimos países devem se manter na segunda e na quarta posição no ranking dos maiores exportadores mundiais, respectivamente. Já para a Coreia do Sul, a previsão é que sejam perdidas duas posições no ranking, levando o país ao oitavo lugar.

Participação do Brasil na produção mundial é a menor desde 1990
Com a queda da participação brasileira na produção mundial da indústria de transformação, de 1,31% para 1,28%, o país ocupa a menor fatia desde 1990 e mantém a tendência de queda desde 1996. O Brasil se manteve entre os 10 maiores produtores industriais do mundo até 2014, mas com a recessão de 2014 a 2016 e a desvalorização do real, perdeu posições para o México e a Indonésia; em 2018, foi ultrapassado por Taiwan e Rússia; e no dado mais recente, em 2021, perdeu espaço para a Turquia.

Na análise do Brasil e dos principais parceiros comerciais, a China e os Estados Unidos registraram os melhores desempenhos. Entre 2020 e 2021, a participação dos EUA no valor adicionado da indústria de transformação mundial cresceu de 16,59% para 16,76%. Em relação à perda de participação entre 2020 e 2021, no caso do valor adicionado da indústria de transformação, o Japão e a Alemanha registraram os maiores índices. No entanto, ambos mantiveram, respectivamente, a terceira e a quarta posição no ranking mundial. O estudo revela, ainda, que a Coreia do Sul foi ultrapassada pela Índia no ranking mundial e caiu para a sexta colocação. Em 2021, a produção industrial na Coreia do Sul diminuiu 2,32%, enquanto a Índia registrou aumento de 1,51%, segundo estimativa da Unido. A participação indiana cresceu de 3,11%, em 2020, para 3,16%, em 2021.

Entre os parceiros comerciais analisados, China segue com o melhor desempenho
Entre os 11 principais parceiros comerciais do Brasil, a China teve o melhor desempenho tanto na produção como nas exportações mundiais da indústria de transformação em 2021. Em relação à participação nas exportações mundiais de bens da indústria de transformação, o país registrou aumento de 17,10%, em 2020, para 18,43%, em 2021, segundo estimativa da CNI, e lidera o ranking. Já na participação no valor adicionado da indústria de transformação mundial, entre 2020 e 2021 a China teve um aumento de 30,08% para 30,45%.

País também caiu na lista dos exportadores de bens industriais

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