Estudo revela potencial da relação comercial do Sul com a China até 2030

Dados sobre as possibilidades de exportações da região para o gigante asiático são animadores

Chama a atenção o aumento da importância da China como compradora na região Sul

As exportações da região Sul do Brasil para a China poderão chegar a US$ 16,5 bilhões em 2030, segundo o estudo de Fabrizio Panzini intitulado “Exportações dos estados brasileiros para a China – Cenário atual e perspectivas de diversificação”. O destaque em 2030 ficará com o Rio Grande do Sul (RS), com possíveis US$ 7,6 bilhões. O Paraná (PR) deverá atingir US$ 6,8 bilhões e Santa Catarina (SC) US$ 2,1 bilhões. De acordo com esse levantamento, o crescimento médio das exportações da região para o mundo foi pífio no período analisado (2012/2021): RS (2,2%), SC (1,7%) e PR (0,9%). Não fosse o aumento das vendas para a China nesses dez anos, de 11,9% (RS), 13,4% (SC) e 4,8% (PR), o crescimento das exportações gaúchas e paranaenses teria sido negativo (-0,9% e -0,3%, respectivamente) e as de SC de apenas 0,3%.

Chama a atenção o aumento da importância da China como compradora na região Sul, tendo mais que dobrado a sua participação nas exportações gaúchas (de 16,5%, em 2012, para 37,1% em 2021); quase triplicado, no caso catarinense (de 6,3% para 16,9%); e aumentado em 41% as paranaenses (de 19,3% para 27,3%). Com o agravante da concentração em poucos produtos: os dez principais foram responsáveis por 98% das vendas (PR), 96% (SC) e 95% (RS). Olhando para 2030, os produtos com oportunidades de exportação para a China, em percentual do valor das vendas na média anual (2017-2020), analisados nas situações de: “manutenção”, “consolidação”, “recuperação” e “abertura” apresentam boas e más notícias. Apenas “plásticos e suas obras” e “produtos químicos orgânicos” têm potencial de abertura de mercado, com aumentos de 91,1% e 89,5%, respectivamente. Na recuperação, somente três apresentam grande possibilidade: “tabaco e seus manufaturados” (99,9%); “gorduras e óleos animais e vegetais” (67,9%); e “máquinas e instrumentos mecânicos” (58,4%). E com crescimento menor, “óleos essenciais e resinas” (30,1%); “carnes e miudezas” (26,2%); e “peles e couros” (21,6%).

Extremamente positivo é o potencial de diversificação de produtos para exportação para a China que a região Sul apresenta, com o Rio Grande do Sul destacando-se, com 54 oportunidades de ampliar e/ou diversificar, o Paraná 46 e Santa Catarina 45. Todos os produtos estão detalhados em tabelas estado por estado. A tabela 7 do estudo de Panzini, por exemplo, traz os 25 principais segmentos com oportunidades de exportação para a China, que alcançaram vendas totais (média anual) de US$ 59 bilhões no período 2017-2020. Na tabela 8 estão os segmentos considerados como de “recuperação” e “abertura”, mais os “consolidados” e em “manutenção”.

As conclusões desse estudo são animadoras para a região Sul, por revelarem que há ainda uma boa margem de diversificação dos produtos e de aumento dos valores exportados para a China. Essas são as boas notícias. As más são as de sempre: o transporte em caminhões da produção agropecuária do Oeste para os portos marítimos, e do noroeste do RS para o sul do estado, mais o elevado custo financeiro, reduzem a competitividade internacional do setor desses estados. Apesar desses fatores limitantes, o Sul e demais regiões do Brasil aumentaram as vendas para a China (ou a China aumentou suas compras?). Independentemente do responsável maior pelo aumento das exportações, o certo é que as possibilidades para os próximos anos apresentadas nesse estudo só se concretizarão se empresas e governos do Brasil investirem em ferrovias, em marketing e vendas participando com estande em dezenas de feiras chinesas; veicularem propaganda das empresas e dos produtos na China; e intensificarem o relacionamento com mais empresas importadoras e governos. Temos de ser mais vendedores, e as feiras ajudam nisso.

A Feira de Cantão é realmente “a” feira, mas além dela há dezenas de feiras muito importantes – metade das quais em Beijing, Shanghai, Hong Kong e Guangzhou. E a outra metade em capitais de províncias do interior, como Chengdu (Sichuan), Harbin (Heilongjiang) e Wuhan (Hubei); municipalidades como Chongqing e Tianjin; e em grandes cidades como Yiwu, Shenzen, Xiamen e Hainan. Enquanto a Feira de Cantão caminha para os 70 anos de idade, a mais nova feira da China, criada em 2018 exclusivamente para importar, realizará sua sexta edição de 5 a 10 de novembro, em Shanghai – antes dela, de 19 a 23 de setembro, haverá a Feira Industrial, esse ano na 23ª edição. 

Dados sobre as possibilidades de exportações da região para o gigante asiático são animadores

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