Os estados do Sul do país vêm expandindo o uso deste conceito
Grandes cidades estão sempre em transformação. Atualmente, o crescimento populacional e a busca por soluções urbanas mais inteligentes têm impulsionado uma nova tendência no mercado imobiliário: os empreendimentos multiuso. Por combinarem diferentes funções em um só lugar – como moradia, trabalho, lazer e serviços –, estes complexos surgem como respostas para demandas da vida moderna, e oferecem mais praticidade e qualidade de vida para os moradores.
Com a escassez de terrenos em áreas consideradas nobres e a necessidade de se criar novos espaços, as construtoras e incorporadoras do mundo todo têm apostado muito nesse segmento. E as cidades também, trazendo para os seus planos diretores cada vez mais incentivos para esse tipo de uso. Além de reduzir deslocamentos e ajudar a desenvolver novas regiões, os empreendimentos multiuso impulsionam um setor-chave da economia, a construção civil.
Em metrópoles dos Estados Unidos, China, Japão, entre outros países, imóveis de uso misto já são uma realidade há muito tempo. Embora não possua área residencial, um exemplo clássico é o Rockfeller Center, em Nova York, um dos complexos mais icônicos da cidade. Localizado no coração de Manhattan e desenvolvido ainda na década de 1930, o espaço é composto por 19 edifícios comerciais, com escritórios, estúdios de televisão, lojas, restaurantes, teatros e espaços de cultura e lazer. É uma espécie de mini-distrito dentro da cidade.
No Brasil, depois de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, são os estados do Sul do país que vêm expandindo o uso deste conceito. Em Santa Catarina, os shoppings centers, muito impactados após a pandemia, já enxergam esta como uma forma de oferecer uma melhor experiência para o consumidor. Muitos desses estabelecimentos já estão apostando em projetos que incluem ao mix de lojas serviços complementares, como escritórios e moradia. Santa Catarina também tem encaminhado modelos de projetos para outros estados, como é o caso de uma incorporadora que está lançando um empreendimento no Mato Grosso baseado em dois complexos erguidos em Balneário Camboriú — um polo imobiliário que costuma sair na frente, inclusive envolvendo hotéis.
Dos grandes centros, o conceito começa a chegar ao interior. No Rio Grande do Sul, na cidade de Capão da Canoa, no litoral, está em construção um empreendimento com um mix de produtos imobiliários inédito no país. O principal deles é o primeiro hospital de alta complexidade da região, que estará ligado a um centro de diagnóstico por imagem, prédio com conceito de “moradia inteligente”, torre profissional, edifício residencial, mall com praça de alimentação e um prédio garagem com 700 vagas. No Paraná, os chamados “Life Centers” também chegaram a cidades menores. No município de Porto Rico, tem condomínio até com praia artificial às margens do Rio Paraná, o segundo maior rio da América do Sul. Em Maringá, o Frigorífico Central — que foi um dos mais importantes do país entre as décadas de 1950 e 1980 — vai se transformar em um espaço dedicado às artes, ao lazer e a empreendimentos imobiliários; uma mistura curiosa.
Complexos de uso misto são pensados para atender necessidades específicas de cada local ou perfil de público, mas sempre focados em conveniência, segurança e na criação de comunidades dinâmicas, vibrantes e conectadas. Movimentos estratégicos como este mostram como a construção civil é importante para o planejamento e o desenvolvimento urbano. Empreendimentos multiuso são, certamente, um caminho para o futuro das nossas cidades. São soluções criativas que fortalecem a economia local, geram empregos para diversos setores e tornam novas regiões destinos mais atrativos para viver e investir.
*CEO do Grupo Pessi e conselheiro do Sinduscon-RS no Litoral Norte
Os estados do Sul do país vêm expandindo o uso deste conceito