O número de trabalhadores informais cresceu 9,9% frente a 2020
A taxa de desocupação caiu para 11,1% no quarto trimestre, recuo de 1,5 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (12,6%). Já a taxa média anual foi de 13,2%, o que indica uma tendência de recuperação frente à de 2020 (13,8%), ano em que o mercado de trabalho sentiu os maiores impactos da pandemia causada pelo coronavírus. Embora o cenário tenha melhorado em 2021, o patamar pré-Covid ainda não foi recuperado. Em 2019, a taxa anual de desocupação havia sido de 12,0%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE.
A coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, explica que a taxa média de desocupação de 13,2%, a segunda maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, reflete a situação do mercado de trabalho em um momento em que a ocupação voltou a crescer após um ano de perdas intensas. “Muitas pessoas ao longo dos dois anos perderam suas ocupações e várias delas interromperam a busca por trabalho no início de 2020 por causa da pandemia. Depois houve uma retomada dessa busca, ainda que o panorama econômico estivesse bastante desfavorável, ou seja, não havia uma resposta elevada na geração de ocupação. Em 2021, com o avanço da vacinação e a melhora no cenário, houve crescimento do número de trabalhadores, mas ainda persiste um elevado contingente de pessoas em busca de ocupação”, diz.
Essa taxa média de desocupação equivale a 13,9 milhões de desempregados no país, contingente que ficou estável frente ao ano anterior. Por outro lado, a força de trabalho, soma dos ocupados e desocupados, aumentou 4,3% no mesmo período. Esse crescimento foi impactado pelo aumento de 5% na ocupação ou de 4,3 milhões de pessoas. Em 2021, os ocupados foram estimados em 91,3 milhões. “É um ano de recuperação para alguns indicadores, mas não é o ano de superação das perdas, até porque a pandemia não acabou, e seus impactos, ainda em curso, afetam diversas atividades econômicas e o rendimento do trabalhador. Há um processo de recuperação, mas ainda estamos distantes dos patamares de antes da pandemia”, afirma a pesquisadora.
O aumento na ocupação foi disseminado por diversas atividades econômicas. O maior crescimento percentual veio da construção (13,8%), que ocupou 845 mil pessoas a mais. O comércio, setor bastante impactado pela pandemia, teve ganho de 5,4% na comparação com 2020, o que representa um acréscimo de 881 mil pessoas. Mesmo assim, o contingente de trabalhadores desse segmento permaneceu menor que o de 2019, quando havia 18,1 milhões de pessoas ocupadas. A indústria foi outra atividade que não conseguiu recuperar as perdas de 2020. Em um ano, houve aumento de 3,9% ou de 446 mil pessoas trabalhando no setor. Mas na comparação com 2019, o número de trabalhadores caiu 3,1%.
O ano de 2021 foi marcado também pelo início de recuperação da ocupação dos setores de serviços, que, assim como o comércio, foram muito prejudicados pela pandemia. Dentre eles, o destaque ficou com os serviços domésticos, que tiveram o maior aumento percentual (6,7% ou 327 mil pessoas). Também houve avanço no segmento de alojamento e alimentação, que cresceu a sua ocupação em 5,4% ou 238 mil pessoas.
Taxa de informalidade avança para 40,1%
De forma geral, com o aumento da ocupação, a informalidade também se expandiu. No ano passado, os trabalhadores informais somavam 36,6 milhões, um aumento de 9,9% frente a 2020. Isso levou a taxa de informalidade a subir de 38,3% para 40,1% nesse período. Representantes desse mercado informal, os empregados sem carteira assinada no setor privado aumentaram em 11,1% e passaram a ser 11,2 milhões de pessoas. “O crescimento da informalidade nos mostra a forma de recuperação da ocupação no país, baseada principalmente no trabalho por conta própria. Tanto no segundo semestre de 2020 quanto no decorrer de 2021, a população informal foi a que mais avançou”, afirma a coordenadora da pesquisa.
Mas o trabalho formal também cresceu. Entre os empregados do setor privado com carteira, houve expansão de 2,6%, chegando a 32,9 milhões de pessoas. Em 2020, essa categoria sofreu a maior queda da série histórica (-6,9%). “Foi um ano em que muitas empresas fecharam e demitiram seus funcionários e há mais dificuldade em recuperar esse tipo de vínculo de trabalho do que o informal. Mas vale ressaltar que, dentre o trabalho formal, houve crescimento do número de trabalhadores por conta própria com CNPJ, que atingiu um recorde na série histórica da pesquisa, iniciada em 2016 para esse indicador”. A soma dos trabalhadores por conta própria (com e sem CNPJ) também atingiu o maior número da série (24,9 milhões).
Acompanhando o crescimento do número de ocupados, o nível da ocupação subiu para 53,2%. Em 2020, essa proporção havia sido de 51,2%, a menor desde 2012, quando a série histórica foi iniciada. O nível da ocupação indica o percentual de pessoas em idade de trabalhar que efetivamente estavam ocupados no período. “Houve um incremento em relação ao ano anterior, mas é um nível inferior ao de 2019 (56%). Isso acontece porque naquele ano tínhamos uma população ocupada de 94,3 milhões e houve um declínio de quase 3 milhões de trabalhadores nesse período (de 2019 para 2021)”, destaca Adriana.
Em 2021, a força de trabalho potencial caiu 13,5% frente ao ano anterior. Nesse grupo estão as pessoas que não estavam ocupadas nem desocupadas, mas que tinham potencial para conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Elas somavam, em 2021, 10 milhões. Dentro desse grupo estão os desalentados, pessoas que estavam disponíveis e gostariam de conseguir um trabalho, mas não o procuraram. Nesse contingente houve queda de 3,1%, totalizando 5,3 milhões. No ano anterior, o número de desalentados foi o maior da série histórica: 5,5 milhões.
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.
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