Debêntures têm maior captação para um primeiro trimestre desde 2012

As empresas direcionaram mais da metade dos recursos para capital de giro

As emissões em 2022 somaram quase o dobro dos três primeiros meses de 2021, na ordem de R$ 30,9 bilhões

Em março, as emissões no mercado de capitais totalizaram R$ 39 bilhões, uma redução de 19,2% em relação ao mês anterior. Apesar disso, o primeiro trimestre foi recorde, com R$ 105,2 bilhões de recursos captados, superando os R$ 102,8 bilhões para os três primeiros meses de 2021 – que era o melhor resultado dos primeiros trimestres. As ofertas em andamento e aquelas em análise somaram R$ 7,1 bilhões e R$ 12,6 bilhões, respectivamente (desconsiderando o volume das ofertas de ações).

Dos instrumentos utilizados para captação, as debêntures destacaram-se, tanto no mês, quanto neste ano, em função do volume obtido, de R$ 24,6 bilhões e R$ 55,9 bilhões, nesta ordem – muito superior aos demais instrumentos de captação em ambos os períodos. Dois indicativos reforçam a visibilidade das debêntures: primeiro, a série histórica mostra que esse instrumento apresentou a maior captação desde 2012 para um primeiro trimestre e, segundo, as emissões em 2022 somaram quase o dobro dos três primeiros meses de 2021, na ordem de R$ 30,9 bilhões.

As empresas direcionaram mais da metade dos recursos adquiridos com as debêntures para capital de giro (34,2%) e para refinanciamento de passivo (24,2%). Com relação aos subscritores desses títulos corporativos, os intermediários e demais participantes ligados à oferta reduziram nesse ano sua participação na compra desses instrumentos, de 62,9% para 51,6%, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Enquanto isso, os fundos de investimentos aumentaram seu apetite pelas debêntures, apoderando-se de 36,6% do volume, contra 24,7% no mesmo período de comparação. Em seguida, aparecem os investidores institucionais com 8,1%.

As notas comerciais mostraram-se também como uma alternativa à captação. As ofertas desses títulos movimentaram quase R$ 10 bilhões de janeiro a março. A desburocratização da emissão, na edição da Lei 14.195/21, permitiu que 25 empresas captassem nesse período.

Em relação às operações de renda variável, houve somente R$ 6 milhões em follow-ons (ofertas subsequentes de ações) – uma única operação, realizada pela Allied Tecnologia. Vale ressaltar que, no momento, não há nenhuma oferta em andamento em renda variável pela Instrução CVM 400, que regulamenta as ofertas destinadas ao investidor em geral, e existem seis operações não precificadas em análise, das quais duas foram interrompidas momentaneamente – sendo uma de IPO do setor da indústria e outra de follow-on do setor bancário.

No mercado externo, nenhuma operação foi registrada em março. O aumento dos juros dos Treasuries – títulos da dívida americana –, em razão da elevação das expectativas sobre a aceleração da alta dos juros pelo Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), tende a encarecer essas operações para as empresas, desestimulando as suas emissões externas.

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