Microcrédito amplia acesso de famílias e empreendedores de pequenos negócios à energia renovável
A geração de energia fotovoltaica, antigamente exclusividade de empreendimentos de alto padrão, ganha espaço também entre famílias e empreendedores de pequenos negócios do Sul do Brasil. Especializado em microfinanças, o Banco da Família lançou uma linha específica para compra e instalação de equipamentos há três anos e já liberou R$ 3,9 milhões para a região, sendo R$ 587 mil em 2020, R$ 1,7 milhão no ano seguinte e R$ 1,5 milhão em apenas seis meses deste ano. “Os dados mostram que devemos mais do que dobrar o volume liberado para projetos de energia solar até dezembro”, diz a presidente da instituição, Isabel Baggio.
O maior atrativo da energia fotovoltaica é a economia, ainda mais valorizada em tempos de tarifas nas alturas. Levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) mostra que entre 2015 e 2021 a conta de luz do brasileiro aumentou, em média, 16,3% ao ano. No mesmo período, o IPCA teve variação de 6,7% ao ano. A diferença entre a inflação e a alta nas faturas de energia é de 237%.
De acordo com os cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) o Brasil obteve um incremento de 165,6 megawatts (MW) na matriz elétrica em junho de 2022. Do total, 87,6 MW provêm de usinas eólicas (53%), 49,6 MW de geração solar fotovoltaica (30%) e 28,4 MW de termelétricas (16%). A expansão no primeiro semestre foi de 2.328 megawatts, com novos empreendimentos em 13 estados de quatro regiões brasileiras. Os estados com maior acréscimo verificado são, em ordem decrescente, Rio Grande do Norte (521,1 MW), Bahia (491,8 MW) e Paraná (311,9 MW).
Exemplos locais
Maior operadora de microcrédito do Brasil, a Oscip com sede em Santa Catarina, criou a linha específica para o setor de energia solar devido à alta demanda nos três estados do Sul. Um dos exemplos está em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Mensalmente, Ari Hermes gastava R$ 550 com a energia necessária para manter o funcionamento da sua loja de materiais de construção. A expectativa dele é que, em julho, já no segundo mês com geração de energia solar, o gasto chegue perto de zero.
Dono de um minimercado em Lages (SC), Alberto Jacobi Pereira optou pela geração fotovoltaica quando gastava R$ 6 mil por mês com a fatura de energia. Para não comprometer o capital de giro da empresa, tomou um financiamento para compra e instalação dos equipamentos. “A conta da energia caiu para R$ 2 mil e parte da diferença é usada para pagar as prestações”, conta. No município de Francisco Beltrão (PR), Sandra Telles Müller passou a utilizar a energia solar em casa. “Nós gastávamos R$ 500 por mês e agora, com os equipamentos em pleno uso, a fatura caiu para R$ 100”, revela.
Energia mais barata
Para o coordenador do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professor Ricardo Rüther, a história de Sandra, Ari e Alberto é uma prova da importância em aumentar o uso da energia solar. “É hoje a tecnologia mais barata para geração de energia e a disponibilidade é abundante em todo o território nacional”, avalia. Autor do livro “Agregação da energia solar ao banho na moradia popular do Brasil”, ele assegura que a energia solar é a fonte energética mais democrática que existe, pois está disponível a todos, e é a que mais cresce nos últimos anos. O investimento, assegura, não é tão alto quanto em décadas passadas e se paga ao longo do tempo, resultando em um valor final da energia que é menor do que o custo de obter eletricidade com qualquer outra fonte ou tecnologia de geração.
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