Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul completa 50 anos e contribui para o fortalecimento do setor no Estado
Quando a Ocergs foi fundada, há 50 anos, contava com apenas 42 cooperativas, praticamente todas de arroz. Passado meio século, o cooperativismo tomou posição de destaque no cenário da economia gaúcha, tornando-se referência nacional. O levantamento divulgado no relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2021 (ano-base 2020) indica o faturamento recorde das cooperativas na ordem de R$ 52,1 bilhões, com incremento de 6,4% em relação ao período anterior. E a eficiência econômica das cooperativas gaúchas se concretiza através dos resultados que apresentam: no último ano, o crescimento registrado nas sobras apuradas foi de 22,5%, atingindo o valor de R$ 2,9 bilhões, o que representa uma expansão de 121,98% nos últimos cinco anos.
A solidez do sistema cooperativista estadual também se comprova na evolução do patrimônio líquido, que cresceu 17,9% e alcançou R$ 21,2 bilhões, refletindo as boas práticas de gestão nas cooperativas. Em relação aos ativos, o cooperativismo gaúcho registrou um acréscimo de 28,5%, alcançando a marca de R$ 98,2 bilhões. As cooperativas do RS geraram R$ 2,1 bilhões de tributos em 2020. Desse montante, R$ 1,1 bilhão foram em tributos estaduais, R$ 1 bilhão em tributos federais e R$ 80 milhões em municipais. Hoje, o sistema é composto por 3,06 milhões de associados, o que representa 26,7% da população do estado. “Essa expressão social é muito forte no RS e chega a ser a primeira no país em número de sócios”, revela o presidente do Sistema Ocergs, Vergilio Perius.
Ao lado do agronegócio, o crédito foi uma marca diferenciada no processo cooperativo, permitindo que as classes sociais B, C e D fossem incluídas no sistema financeiro nacional. O sucesso do modelo também se dá à garantia de benefícios aos associados – quando a primeira cooperativa do mundo foi criada em 1844, na Inglaterra, foi definido que o produto do resultado econômico, que seria o lucro numa empresa privada, viraria “sobras”. No sistema de cooperativas, essa sobra vai diretamente para o associado que a produziu durante o ano.
“Na medida em que tem que cuidar da coletividade, o cooperativismo apropriou o princípio da liberdade econômica, mas não distribui a riqueza pelo capital, e sim pelo trabalho de cada um, horas trabalhadas, volume de produção e volume de negócios, beneficiando quem gera a riqueza”, explica Perius. No ano passado, foram cerca de R$ 3 bilhões de sobras distribuídas entre os mais de 3 milhões de associados – o que representou, em média, um salário mínimo para cada um. “Nós retemos a riqueza aqui, geramos resultado econômico e isso é fundamental para o desenvolvimento do país. Essa é a diferença. Se há resultado econômico, ele volta para seus associados”, defende o presidente do sistema.
Fazendo a diferença
Além dos benefícios trazidos à população por si só, o Sistema ainda promove programas sociais. Além do braço de formação profissional, que capacita e auxilia no desenvolvimento dos profissionais, há o de promoção social, no qual se trabalham questões comunitárias com o objetivo de fortalecer laços e melhorar vínculos sociais das cooperativas e suas comunidades. O chamado Aprendiz Cooperativo do Campo, por exemplo, faz parte da promoção social e ensina técnicas de manejo e a importância da qualidade rural aos jovens, que, com esse incentivo, geralmente decidem continuar no campo. Já o Marmita Coop, relacionado a um programa maior denominado Dia de Cooperar, propõe-se a entregar marmitas para comunidades carentes da Lomba do Pinheiro. Para José Zigomar, gerente de promoção do Sescoop/RS, as iniciativas sociais refletem o sétimo princípio do sistema: o compromisso com a comunidade. “O Sescoop ensina, mas também faz”, orgulha-se.
E o sistema segue gerando frutos para o estado. Em plena pandemia, as cooperativas cresceram fortemente em seus resultados econômicos. No Rio Grande do Sul, foram cerca de 3.700 empregos agregados. A expansão de postos de trabalho no setor, que em 2020 registrou 68.303 empregos diretos, contrasta com o cenário do Rio Grande do Sul, que amargou no ano passado o segundo pior saldo no mercado de trabalho formal do Brasil, com o fechamento de 20.220 empregos. “O aumento de empregados contratados, sobretudo pelas cooperativas agroindustriais, de saúde e de crédito conforta a sociedade gaúcha, pois o Rio Grande do Sul fechou o acumulado no ano com uma variação relativa negativa de 0,80%”, explica Perius.
Daqui para a frente, o objetivo é seguir colhendo resultados positivos, com resultado econômico e faturamento positivos e inclusão de mais sócios. A previsão é de que 50 mil novos sócios se juntem ao sistema, principalmente jovens e mulheres, que, segundo Perius, cada vez mais tomam consciência da necessidade de se tornarem protagonistas de suas próprias histórias.
Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul completa 50 anos e contribui para o fortalecimento do setor no Estado