Medidas lançadas nos últimos anos já permitiram a redução das perdas no Brasil
O desperdício de energia elétrica no Brasil é estimado em 43 terawatt-hora (TWh) por ano, o que equivale ao atendimento de 20 milhões de residências. A análise foi apresentada pelo gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Celesc, Thiago Jeremias, durante a reunião híbrida da Câmara de Energia da Fiesc, nesta terça-feira (30). Ele e o analista de eficiência energética da Weg, Jonatan Mamedes da Silva, trataram de eficiência energética na indústria. “É como se tivéssemos a terceira maior usina de geração de energia elétrica trabalhando somente para produzir esse desperdício”, afirmou Jeremias.
Medidas lançadas nos últimos anos já permitiram a redução das perdas na ordem de 10 TWh. Um agravante dessa situação é que o custo para a redução de cada megawatt-hora (MWh) é de R$ 104, contra R$ 282 para cada MWh obtido na expansão do sistema de geração. O gerente da Celesc destacou que diante das crises de geração de energia, sempre se discute mais a ampliação da geração do que a realização de programas de eficiência e conservação de energia. “No ano passado, por exemplo, passamos por mais uma grave crise hídrica, com a iminência de novo racionamento, e sempre nessas oportunidades se foca em aumentar a oferta, mas não se considera a possibilidade de redução do consumo”, lembrou. Jeremias declarou ainda que as concessionárias de energia elétrica são obrigadas a apresentar um edital por ano para projetos de redução de consumo – cada concessionária deve destinar 0,5% da sua receita operacional líquida em programas de eficiência energética. “As indústrias catarinenses têm apresentado poucos projetos”, contou.
“A energia elétrica é invisível e muitas empresas gastam demais e pagam mais caro pelo insumo”, afirmou Jonatan Mamedes da Silva. Segundo ele, os motores são os maiores consumidores de energia elétrica no Brasil. “Cerca de 68% da energia elétrica produzida é utilizada na indústria”, disse. Ele acrescentou que os motores instalados no país têm média de 19 anos, o dobro dos países mais industrializados. Além disso, grande parte destes motores já sofreram rebobinagens, que afetam seu desempenho aumentando o consumo de energia. “É necessário acompanhar a evolução na eficiência de equipamentos e sistemas. Há muitas novas tecnologias para utilizar a favor da redução do consumo de energia elétrica”, observou.
Silva apresentou alternativas de redução de consumo de energia na indústria. Segundo ele, a automação de processos apresenta as melhores perspectivas de ganhos de eficiência, na ordem de 60% e podem alcançar 57% dos processos. Outros ganhos possíveis com a automação de processos são a melhoria da qualidade de produto, eficiência no uso de insumos e redução de atividades operacionais. A substituição de redutores pode ter ganhos médios de eficiência de 35%, podendo chegar a 65% dos redutores instalados no país, além de proporcionar redução de custos de manutenção e aumento da confiabilidade operacional e vida útil dos equipamentos. Já a substituição ou redimensionamento de motores tem ganho médio de eficiência de 9% e alcance de 71% dos motores instalados, gerando adicionalmente ganhos em custos de manutenção e melhoria do fator de potência.
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