Nos últimos anos, as Big Techs vêm enfrentando uma crise sem precedentes, com escândalos de vazamento de dados, greves de funcionários e demissões em massa. O que isso significa para o futuro do setor?
No mundo seleto de empresas que dominam a economia digital do mundo, trabalhar em uma das Big Techs sempre foi o objetivo de muitos que optam pelo caminho da tecnologia. Gigantes como Google, Facebook, Amazon, Apple e Microsoft se tornaram sinônimo de inovação, lucros exorbitantes e poder inabalável. Na busca pelo epicentro da inovação tecnológica global, repleto de startups promissoras e investidores em busca do próximo unicórnio, os trabalhadores da área esperam encontrar ambientes descontraídos, clima de inovação constante e uma cultura corporativa que valoriza a criatividade e o trabalho em equipe. Mas, ultimamente, não vem sendo bem assim.
Nos últimos anos, as Big Techs têm enfrentado uma crise sem precedentes. Escândalos envolvendo privacidade de dados, censura e monopólio vieram à tona, minando a confiança de usuários e acendendo o alerta de governos. As empresas se viram diante de processos antitruste, multas bilionárias e investigações que ameaçam sua hegemonia. E a crise não se limita ao campo jurídico: a relação das empresas com seus próprios funcionários também tem sido posta à prova, com protestos e greves que denunciam práticas discriminatórias e exploração e escândalos de demissões em massa. As poderosas Amazon e Meta, por exemplo, anunciaram recentemente números consideráveis de desligamentos. Já a gigante do streaming Netflix registrou uma queda de 51% de seu valor de mercado, recorrente da alta taxa de cancelamento de assinaturas. Agora, as Big Techs lutam para manter sua relevância e sobreviver à tempestade. Elas serão capazes de se reinventar e retomar o caminho do sucesso?
O surgimento da terra prometida
No Brasil, o primeiro grande boom das Big Techs foi no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando Microsoft e Google se popularizaram por aqui. “O principal benefício dessas empresas na sua chegada foi democratizar o acesso de algumas tecnologias às quais, até então, grande parte do país não tinha acesso. Com a internet, esse tipo de tecnologia também começou a atingir mais pessoas no Brasil”, relembra Iomani Engelmann, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate). Na sequência, outras grandes companhias começaram a se instalar no Brasil, como IBM, HP e a Dell, por meio de empresas que conseguiram exportar para o mercado brasileiro. Graças a esse movimento, o custo dos computadores do Brasil baixou muito e aumentou o acesso aos computadores pessoais, o que era também um grande desafio do Brasil no início de 2000.
Outras Big Techs surgiram por volta do ano de 2005 como startups, tendo se transformado, hoje em dia, em negócios completamente diferentes. “A proposta original do YouTube era de namoro online, por exemplo”, relembra Norberto Dias, presidente do Sindicato da Indústria da Informática do Estado de Santa Catarina (Siesc). Já o Instagram, segundo Dias, foi criado em 2010 por Kevin Systrom e Mike Krieger como um app de check-in. Com o uso complicado para o propósito, a usabilidade mostrou que os clientes estavam mais interessados em sair com amigos e postar fotos. Analisando as preferências, o Instagram virou o que é hoje, alcançando 1 milhão de usuários em poucos meses. Em 2012, a empresa foi adquirida pelo Facebook (atual Meta) por US$ 1 bilhão, e, desde então, ganhou outras funcionalidades, como vídeos, stories, reels, stickers, músicas e ferramentas de monetização. O app ultrapassou 2 bilhões de usuários em 2021. Com essa onda de Big Techs mundial, no Brasil também ocorreram grandes avanços e foram criadas startups unicórnios [que alcançam o valor de R$ 1 bilhão]. Entre as 20 mais famosas e que conseguiram abrir seu capital para expansão, Dias destaca 99, Pag Seguro, Nubank, Movile (iFood), Stone, Gympass, Loggi, C6 Bank e Locaweb. “Todas essas startups buscam, além de melhorias na gestão do tempo e de produtividade para as pessoas, oferecer bons produtos que auxiliam o ecossistema financeiro brasileiro”, pontua Dias.
Evidentemente, a chegada das Big Techs no Brasil trouxe inúmeros benefícios em termos de desenvolvimento do país, gerando um cenário competitivo e melhorando alguns serviços em que, historicamente, o Brasil não desempenhava tão bem. “Gosto muito do exemplo do Mercado Livre, que democratizou o acesso a produtos, principalmente de varejo, com uma logística extremamente eficiente. A mesma coisa aconteceu com a Amazon, que democratizou o acesso a produtos, começando com livros e depois eletrônicos. É uma empresa muito relevante no mercado brasileiro, que elevou o nível da logística para cima. Então essas empresas já deixam um legado para o Brasil”, analisa Engelmann, da Acate. Ainda segundo ele, Big Techs como o Waze – hoje uma empresa do Google – também ajudaram em desafios logísticos no país, oferecendo rotas mais eficientes. Já a Uber desenvolveu fortemente o cenário da mobilidade no Brasil.
Dias, da Siesc, também ressalta a aceleração da inclusão social que a digitalização das Big Techs trouxe ao país. “Hoje em dia, com um celular, uma pessoa semianalfabeta consegue praticar o autoaprendizado e acessar informações que possibilitam que seja incluída socialmente. Dessa forma, o aprendizado é mais acelerado do que os meios tradicionais”, analisa, citando também o aumento da empregabilidade com salários mais altos e de valor agregado e o maior número de empresas de tecnologia operando em bolsa com a popularização de suas ações para quem deseja investir em retorno de dividendos.
O início do fim?
Mundialmente, a terra prometida das Big Techs não parece mais tão promissora. Juntas, empresas como Meta (11 mil demissões), Alphabet (12 mil), Amazon (18 mil), Twitter (3.700) e Microsoft (10 mil) fizeram mais de 100 mil desligamentos até janeiro, segundo levantamento da plataforma TrueUp. Os motivos para as demissões em massa são muitos, mas analistas apontam que se resumem a um fator em comum: a necessidade de redução de custos graças à diminuição do crescimento econômico. Um levantamento feito pelo TradeMap reflete esse cenário, apontando que, nos últimos meses, Apple, Microsoft, Meta, Alphabet e Amazon perderam juntas quase US$ 4 trilhões em valor de mercado.
Dentre os impulsionadores desse cenário, segundo analistas, estão os recorrentes aumentos nas taxas de juros nos Estados Unidos, que tentam conter a inflação e acabam impactando nas vendas e gerando uma redução nos gastos de publicidade, da qual as Big Techs dependem quase que majoritariamente. Outro fator importante foi o grande destaque dado às gigantes da tecnologia durante a pandemia, que gerou uma popularização do setor eletrônico. Buscando surfar nessa onda, as empresas fizeram contratações em massa que, após a retomada das atividades presenciais, não se mostraram sustentáveis. A empresa de análise de dados 365 Data Science compilou os números dessas demissões e chegou a conclusões importantes. Durante a pandemia, a competição pelos melhores talentos fez as empresas oferecerem salários recordes, fator que certamente impactou na receita de contratação das empresas. Uma associação feita pela 365 foi que o tempo médio de experiência dos funcionários demitidos foi de 11,5 anos, ou seja, provavelmente eram os que recebiam maiores salários. Além disso, o tempo médio de permanência desses profissionais nas empresas era de dois anos, justamente quando a pandemia começou. Assim, os desligamentos teriam sido estratégicos, buscando maximizar a recuperação financeira.
Na Microsoft e Meta, os profissionais de RH foram os mais afetados pelo novo cenário, compondo 28% da porcentagem das demissões. Como possíveis motivações, a 365 aponta para a menor necessidade dos profissionais, com a diminuição das contratações; e para a automatização da área, com recentes invenções de plataformas que realizam tarefas de onboarding por conta própria, como verificação de identidade, entrevistas e a lida com exames médicos. Já em outras, como Google e Twitter, os engenheiros de software compõem boa parte das demissões. Por outro lado, é inevitável associar essa onda de desligamentos a outra tendência que vem sendo observada nas Big Techs. Em janeiro, a Microsoft anunciou planos de investir US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 51 bilhões, conforme a cotação na época do fechamento dita edição) na empresa criadora do ChatGPT, a Open AI. As questões que ficam, ou as respostas dela, podem ser essenciais para prever o que acontecerá a seguir. Um caminho poderá ser substituir certas funções pelo trabalho de máquinas. Porém, a rápida atualização das tecnologias pode consumir o caixa.
No Brasil, o cenário para as Big Techs é um pouco mais positivo. As maiores empresas de tecnologia nativas daqui, por enquanto, não foram muito afetadas em relação ao cenário internacional. Gigantes como Totvs, Sênior e Stefanini continuam com relatórios robustos, inclusive algumas listadas na Bolsa de Valores com bons resultados. “Acredito que isso se deve à dinâmica do mercado interno de tecnologia, pois a maioria dessas empresas já consolidadas atuam como B2B, ou seja, vendem para empresas. Por isso, elas são um pouco mais resilientes, já que esse mercado tem uma solidez econômica um pouco maior se comparado com outros modelos de negócio”, avalia Engelmann, presidente da Acate. Dias, da Siesc, segue a mesma linha, reforçando que o cenário das gigantes de tecnologia no Brasil segue sendo promissor. “A inovação com foco em usabilidade, finanças, mobilidade e outras está sendo o foco das Big Techs nacionais. Com a evolução do 5G, o mercado nacional está mais favorável às soluções domésticas do que às plataformas mundiais gigantes como o Facebook, Instagram, TikTok, Twitter e Google, que, em geral, buscam engajamento de usuários para poder gerar negócios, leads e marketing”, garante.
Segundo ele, a onda de demissões em massa das empresas de tecnologia mundiais está muito mais atrelada à evolução moderada de consumo [quanto menor o consumo, menor o investimento e custos com leads e marketing] do que propriamente à demanda por inovações e novas tecnologias como o Metaverso, ChatGPT-4 e Inteligência Artificial (AI), por exemplo. “Muito está por vir ainda, mas as empresas brasileiras com inovações voltadas à melhoria de gestão de tempo, aumento de produtividade, melhoria de mobilidade, evolução de ferramentas do ecossistema financeiro e avanço de plataformas de ensino a distância farão com certeza a diferença no cenário nacional com vistas à expansão para o mercado mundial”, completa.
Para Dias, atualmente, as maiores oportunidades para as Big Techs nacionais estão voltadas ao “governo eletrônico” e à integração desses com sistemas financeiros, mobilidade e aplicativos envolvendo inteligência artificial, gestão de tempo das pessoas, produtividade (Indústria 4.0), plataformas de benefícios e RH, healthtechs [de tecnologias voltadas à saúde] e plataformas digitais de entretenimento, como jogos. “Como desafios estão a redução da disponibilidade de recursos com juros acessíveis para financiamento das empresas, o retrocesso de reoneração de impostos da folha de pagamento para o setor, a necessidade de melhoria das relações trabalhistas sindicais, com modelos mais facilitados de contratação de profissionais de TIC, a possibilidade de censura ou limitação de publicações em mídias sociais e uma reforma tributária que permita menos custos indiretos com impostos e obrigações acessórias”, completa. Com a escassez de recursos para alavancar as startups, o mercado vem buscando mais empresas com perfil de camelo – isto é, com resultados a curto e médio prazo – do que empresas intensivas de capital baseadas em verdades futuras, as chamadas unicórnios de capital intensivo.
Startups não ficam de fora
Felipe Matos, vice-presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), ressalta que o conceito de Big Techs veio mudando ao longo do tempo e, atualmente, abrange também as startups. “Estamos acostumados a pensar nas Big Techs como as grandes empresas norte-americanas. De fato, são elas que dominam as plataformas tecnológicas e têm maior influência no planeta. Mas, de 2010 para cá, passamos a ter o surgimento de um ecossistema de startups no Brasil que gerou diversos unicórnios, inclusive empresas avaliadas em dezenas de bilhões de dólares, como o iFood e o Nubank. São as nossas Big Techs tupiniquins”, ressalta.
E elas não ficam fora de perigo durante a crise. Engelmann adverte que as startups brasileiras, incluindo os unicórnios – nas quais havia uma expectativa de crescimento acelerado – também estão passando por adequação de custos, tendo em vista o cenário macroeconômico desafiador, cujo acesso ao capital ficou muito caro. “Essas empresas terão dificuldade, já que são acostumadas a crescer queimando o caixa sem conseguir necessariamente gerar o seu crescimento de forma sustentável. Desta forma, algumas empresas brasileiras que fizeram um grande número de contratações muito rápidas também tiveram de fazer adequações de custo”, revela. A Loft, por exemplo, demitiu 312 funcionários em dezembro de 2022, totalizando 855 demissões no último ano, enquanto a Quinto Andar desligou cerca de 4% de seu quadro de até então 4 mil funcionários.
Uma pesquisa da Associação para Investimentos em Capital Privado na América Latina (Lavca) reflete bem isso. O estudo revelou que pelo menos 34% das startups consideram fazer demissões em massa e 28% congelar novas contratações ou reduzir investimentos para preservar o caixa, ampliando o tempo que a empresa pode operar sem nova captação. Para Matos, uma saída para as startups nesse momento pode ser entender que “o bom e velho lucro nunca sai de moda”. Se houve um momento onde havia um excesso de capital disponível e os fundos estavam investindo grandes somas, mesmo em empresas que não eram lucrativas, para que crescessem cada vez mais rápido, ele não existe mais. Agora, as empresas precisam andar com as próprias pernas e gerar lucros para que sejam sustentáveis. “Aí o recurso do investimento entra como um combustível para seguir em frente, e não uma garantia de sobrevivência. É importante que as startups busquem se ajustar nesse sentido. Não gastarem mais do que ganham e buscar atingir o quanto antes o seu ponto de equilíbrio, para que, ainda que cresçam mais devagar, possam ser saudáveis e se manter durante esse período até que tenhamos um momento de maior liquidez novamente”, aconselha Matos. Ele garante, no entanto, que para as “boas startups” não faltará investimento, mesmo em um cenário de maior cautela dos investidores.
B2B, uma fortaleza do Sul
A região Sul, que historicamente também conta com empresas de tecnologia mais focadas em B2B, não tem enfrentando grandes dificuldades nesse momento de desligamentos, com poucas exceções da cadeia amplamente atingida pela pandemia ou, agora, pela máquina da economia, como empresas da área de turismo e eventos e algumas do varejo, por exemplo. “Mas esses são casos isolados, nada comparado com o cenário que a gente vê, principalmente nos Estados Unidos, de demissão em massa”, reforça Engelmann. “Essa é uma fortaleza do Sul, uma vez que aqui não temos muitas empresas focadas no consumidor final, onde atualmente a economia tem se mostrado bastante difícil. Esse é um mercado bastante retraído e que dificulta que essas empresas continuem crescendo de forma rápida como se planejava”, destaca o presidente da Acate.
Por abrigarem uma boa base de empresas e polos de inovação, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul oferecem um grande celeiro de arranjos produtivos em tecnologia ao Brasil. Dias ressalta que as empresas que trabalham dentro do ecossistema das Big Techs nacionais na região estão, inclusive, contratando boa parte dessa massa de talentos dispensada, e, com isso, trazendo novos legados e tecnologias para a região. “Uma corrida por investimentos em aquisições de empresas de tecnologia da região Sul vem se mostrando cada vez mais efetiva, pois o número de empresas adquiridas por Big Techs nacionais e até internacionais está cada vez mais em ascensão”, explica. A previsão de aumento de operações de fusões e aquisições no Sul em 2023 tem se consolidado, já que empresas focadas em inovação vêm sendo mais atrativas e alcançando bom desempenho. O presidente da Ciesc revela, ainda, que algumas aquisições de empresas com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 120 milhões estão previstas para a região. “Esperamos que 2023 seja um ano de recordes em fusões e aquisições no Sul e, com isso, possamos atrair mais investimentos e geração de emprego e renda”, cogita.
Em qualquer caso, as demissões em massa têm um impacto significativo não apenas na vida dos funcionários, mas também no mercado de trabalho como um todo. Com tantos profissionais qualificados à procura de novas oportunidades, a competição por vagas em outras empresas pode se intensificar, tornando a recolocação ainda mais desafiadora. “O outro lado da moeda nos faz acreditar que a presença cada vez mais constante da Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, Big Data, entre outros recursos da tecnologia, poderão demandar por profissionais que foram dispensados”, analisa Rubens Moura, professor de ciências econômicas da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio. Outro fator que está sendo impactado é o de investimentos. Durante a maior parte da década, os investidores se aglomeraram em ações de empresas de tecnologia de rápido crescimento, cujos fortes ganhos, ano após ano, reforçaram as apostas de que não tinham outro caminho a não ser subirem. No entanto, à medida que os consumidores apertam o cinto para se prepararem para uma possível recessão, companhias que eram vistas como exemplos de sucesso inevitável passaram a não ser mais unanimidades. Segundo levantamento realizado pela plataforma Dividendos.me, as Big Techs perderam destaque na preferência dos investidores por ações de companhias estrangeiras, as chamadas BDRs (Brazilian Depositary Receipts). A base de dados de 190 mil investidores da plataforma mostra que empresas do setor ainda são a maioria no ranking, mas, na sondagem deste ano, o segundo lugar deixou de ser uma empresa de tecnologia.
De acordo com Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos, a redução do interesse pelas Big Techs se explica pelo receio que os investidores têm da recessão global, que cresce gradualmente com os aumentos das taxas de juros em países do mundo todo. “Empresas de tecnologia, por dependerem muito de capital de terceiros, têm a elevação de seus custos afetando seus resultados e gerando uma queda em sua atratividade, uma vez que o valor dessas empresas está no fluxo de caixa futuro que ela vai gerar e hoje muitas delas ainda não estão gerando caixa”, analisa. Outro ponto a ser considerado é que as Big Techs não costumam ser boas pagadoras de dividendos. Para piorar, no último ano, algumas chegaram a reduzir, como o caso da Microsoft, que possui um dividend yield médio de 2% e que atualmente se encontra em 1%. “De qualquer forma, este é um motivo secundário, já que mesmo pagando pouco dividendo, elas podem surpreender”, ressalva Gentile.
Fazer mais com menos
A demissão e redução de pessoal é mera consequência de tudo o que vem acontecendo com as Big Techs, alerta Wagner Moraes, CEO da consultoria A&S Partners. “Além desse forte movimento de ‘Fly to Quality’ [o comportamento de rebanho dos investidores para abandonar ativos de risco durante crises financeiras ou mercados de baixa], a instabilidade dos mercados, a situação econômica global, a Web3 surgindo com força e empresas baseadas em blockchain batendo de frente com as grandes empresas do setor também são fatores adicionais para as Big Techs reverem seus conceitos e posicionamentos, além de reformularem as suas estruturas”, enumera. Ele aposta, ainda, que a tendência de desligamentos em massa deve continuar por pelo menos mais dois anos, até que os mercados se reestabeleçam e as Big Techs consigam se posicionar novamente diante de todas as incertezas. Outro ponto antecipado por Moraes é a ampliação e o uso massivo da IA. Na visão dele, a tecnologia avançada tende a se intensificar de forma rápida, ampliando participação e relevância no meio corporativo. “Muitas empresas Techs já estão reformulando seus processos baseados em IA e a troca de pessoal será consequência disso. Esse movimento é inexorável e relativamente natural quando enxergamos sob a ótica de produtividade e eficiência para as empresas. Aquele conhecido lema de fazer mais com menos ainda continua valendo para o mercado”, adverte.
Esse conteúdo integra a edição 343 da revista AMANHÃ, publicação do Grupo AMANHÃ. Clique aqui para acessar a publicação online, mediante pequeno cadastro.
Nos últimos anos, as Big Techs vêm enfrentando uma crise sem precedentes, com escândalos de vazamento de dados, greves de funcionários e demissões em massa. O que isso significa para o futuro do setor?