Agenda ESG amplia orçamento em práticas de responsabilidade social corporativa

Empresas investem mais em ações sociais, de inclusão e de impacto na comunidade local, atesta especialista

“É preciso que as organizações saibam como incorporar esses programas de forma consistente, com metas e indicadores claros”, assinala Silvia Elmor, especialista em direitos humanos e responsabilidade social corporativa e fundadora do ESG Future

A agenda ESG (Environmental, Social and Governance) está movimentando as corporações para que adotem os critérios de desenvolvimento nesse tripé que envolve as áreas ambiental, social e de governança. De acordo com levantamento do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (Bisc), 70% das empresas afirmam que o ESG influencia o orçamento na área social. Diante desse cenário, a perspectiva é de que haja ampliação dos investimentos até 2025. Se, por um lado, os projetos na área de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) são os que mais trazem visibilidade para as organizações, por outro, são os problemas e falhas nesse setor que causam maior impacto negativo sobre reputações, inclusive ameaçando a perpetuidade do negócio. O mesmo levantamento aponta que 50% das empresas declaram ter incorporado a perspectiva dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) à sua agenda de atuação social. De acordo com Silvia Elmor, especialista em direitos humanos e responsabilidade social corporativa e fundadora do ESG Future – hub de profissionais e de soluções ESG –, as organizações já estão percebendo que os investimentos sociais trazem benefícios tangíveis, como atração e retenção de talentos, e intangíveis, como reputação da marca. 

Projetos educacionais, de empregabilidade, voltados a pessoas com deficiência, de inclusão de pessoas de terceira idade no mercado de trabalho e das populações quilombolas e negras são alguns exemplos que contribuem para a redução das desigualdades sociais e vêm sendo o foco das empresas. “É preciso que as organizações saibam como incorporar esses programas de forma consistente, com metas e indicadores claros, e de forma estratégica para os negócios. Uma empresa socialmente responsável entende a conexão e a interdependência dos eixos ambiental, social e de boa governança”, assinala. Para Silvia, sem isso, são ações isoladas na contramão do que o ESG preconiza, que é uma sociedade socialmente justa, ambientalmente responsável e ética. “As empresas ocupam um lugar estratégico como protagonistas desse movimento, que depende da sensibilização das lideranças para que tenha efetividade e legitimidade para ser implementado”, afirma.

Filantropia e responsabilidade social corporativa
Como pesquisadora da área, Silvia aponta que ainda é preciso conceituar e diferenciar o que é filantropia e RSC. Enquanto a primeira é uma ação isolada, pontual, a segunda é uma atuação em rede, incorporada à cultura e aos valores da empresa. Na filantropia, a relação com o público prioritário é de doador, mas na RSC é de parceria e partilha de responsabilidades. “A RSC vai além das motivações assistencialistas. Não que elas não sejam necessárias em momentos de crise, como quando ocorrem desastres naturais ou como ocorreu na pandemia, por exemplo, mas o objetivo é que os projetos de RSC sejam transformadores de realidades, que causem impacto positivo na sociedade”, orienta a fundadora do ESG Future. A pesquisa Edelman Trust Barometer ressalta, por sua vez, que 91% dos CEOs entrevistados acreditam que seu papel é defender e desenvolver as comunidades locais onde a empresa atua. Silvia aponta que as lideranças são cada vez mais cobradas pelos consumidores para que se posicionem em relação a temas sensíveis para a sociedade, como a diversidade e a inclusão.

Diversidade e inclusão
A DAF Caminhões implantou planejamento em RSC a partir de uma decisão estratégica da cúpula da empresa. Em 2017, o CEO disseminou a diretriz de que as dez plantas do grupo americano Paccar, do qual a DAF é subsidiária, iriam implementar suas políticas de diversidade e inclusão. “Naquele momento, cada uma das plantas começou a trabalhar o tema de diversidade e inclusão conforme a sua realidade local. Fizemos pesquisas internas, formamos grupos de discussão e chegamos à formação de um comitê com três pilares”, informa a diretora de recursos humanos da DAF Caminhões, Jeanette Costa Jacinto. Entre as áreas escolhidas pela DAF no Brasil para atuar, estão o empoderamento feminino, com maior presença de mulheres em cargos de gestão e liderança, inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD) em todas as áreas da fábrica localizada em Ponta Grossa (PR), e integração entre as diferentes gerações na companhia. Desde que foram criados, os programas já obtiveram grandes resultados. Um deles foi a ocupação de 30% da força de trabalho feminina em vários setores, como operação, montagem, finanças, engenharia, entre outros. “Hoje nós temos em torno de 19% em posição de liderança, incluindo coordenação, supervisão, gerência e diretoria, assim como 10% de mulheres em posição de diretoria, que se reportam diretamente à presidência”, destaca. A fábrica possui 800 funcionários diretos e 300 indiretos.

Empresas investem mais em ações sociais, de inclusão e de impacto na comunidade local, atesta especialista

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