Usina de produção de biometano é inaugurada em Carambeí

A previsão é produzir até 60 metros cúbicos de biometano por hora

Sistema que permite a obtenção do biometano, que será vendido para a Coopercarga

Uma nova usina de produção de biometano foi inaugurada na sexta-feira (08) em Carambeí, na região dos Campos Gerais. O projeto foi realizado com apoio dos programas RenovaPR e Banco do Agricultor Paranaense, do Governo do Estado. O investimento no sistema supera R$ 1 milhão e permite a filtragem do biogás e produção de biometano, que irá abastecer a frota de caminhões de uma empresa de operação logística de atuação nacional e internacional, a Coopercarga. O suinocultor Eduardo Dykstra já produzia biogás para geração de energia elétrica com os dejetos de 6,5 mil suínos. O sistema implantado agora adequa a produção de biogás para geração de energia elétrica e promove a filtragem para biometano, que será vendido, dando mais uma opção econômica ao produtor rural. Os programas do governo estadual reduziram os custos de implantação do sistema para obtenção de biometano devido à equalização das taxas de juros dos financiamentos.

A previsão é produzir até 60 metros cúbicos de biometano por hora, suficiente para abastecer, inicialmente, quatro caminhões que atuam na rota São Paulo – Rio Grande do Sul. A capacidade da planta é de 35 mil metros cúbicos de biometano por mês. “Vi a oportunidade de ter um rendimento a mais na atividade. Além de agregar valor na propriedade, venderei biometano, que é quase dez vezes o valor da energia elétrica, e com certeza, reduzindo os custos que eu tenho. É um mercado promissor”, conta.

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, destacou que o Paraná abate 13 milhões de suínos por ano e deve chegar a 17 ou 18 milhões até o fim da década. Também produz 9 milhões de frangos por dia. “Isso gera dejetos. Tantas outras indústrias podem iniciar um processo inteligente de produção de biogás. Precisamos mudar a realidade. Nossa agricultura está indo para um caminho mais natural”, afirma. De acordo com o coordenador do RenovaPR, Herlon Goelzer de Almeida, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, o projeto em Carambeí é o início de um processo que deve avançar. “Para garantir o abastecimento com biometano da frota, a empresa transportadora deve investir em pontos de abastecimento também em Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, afirma.

O diretor da Energee Energia Renovável, empresa responsável pelo projeto, Marco Henrique Galhardo Cardoso, explica que a iniciativa envolve um mapeamento do trajeto dos caminhões para montar rotas ecológicas, que são pontos onde poderão abastecer com biometano sem precisar ir até a propriedade. Segundo ele, o interesse dos produtores rurais em energias sustentáveis está em crescimento. “É uma mudança de paradigma”, destaca.

O biometano é o resultado da filtragem do biogás com a obtenção de metano em alta concentração – mais de 93% – que pela legislação brasileira na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) adquire a equivalência ao GNV (Gás Natural Veicular), que é fóssil. Porém o biometano, por ser de origem de decomposição de materiais orgânicos, é considerado uma energia renovável. A sustentabilidade dos processos logísticos é um caminho que os operadores buscam no país e no mundo para ter conformidade com as políticas de reduções de emissões e suas estratégias ESG. “O biometano é um combustível ainda escasso no Brasil e que tem potencial de neutralização entre 85% e 90%. É um desejo nosso, como operadores logísticos”, diz o gerente de projetos da Coopercarga, André Vieira. “O planeta precisa de uma redução drástica de emissão de CO2, e essa é uma das formas. Acreditamos muito nessa iniciativa”, complementa.

Outro exemplo representativo do RenovaPR está em Toledo, onde os proprietários Emílio e Maria Angst investiram na produção de biometano em setembro de 2023 para o abastecimento de um caminhão da cooperativa agropecuária local. Com uma propriedade de apenas três hectares já dão conta de abastecer quatro caminhões da cooperativa que já prepara investimentos de mais de R$ 30 milhões em reconversão de frota, geração própria de biometano e incentiva a produção de outros associados para obter mais 80 caminhões novos com o uso desse combustível.

A previsão é produzir até 60 metros cúbicos de biometano por hora

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