Somente veículos novos mais limpos não bastarão para reduzir radicalmente as emissões, revela estudo da Anfavea
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a consultoria contratada Boston Consulting Group apresentaram nesta sexta-feira (27) o novo estudo intitulado “Avançando nos Caminhos da Descarbonização Automotiva no Brasil”. Trata-se de mais uma contribuição da entidade e do setor para a COP, que será realizada este ano no Azerbaijão e no ano que vem em Belém, no Pará. Atualmente, o setor automotivo emite 242 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, o que representa cerca de 13% das emissões totais do país. Se o ritmo atual de crescimento for mantido, as emissões poderão atingir 256 milhões de toneladas em 2040.
No entanto, o relatório demonstra que, ao se intensificar o uso das novas tecnologias de propulsão desenvolvidas pelos fabricantes de veículos nacionais, combinadas com a maior utilização de biocombustíveis, pode-se obter uma redução de até 280 milhões de toneladas de CO2 nos próximos 15 anos. Esse avanço envolve o desenvolvimento de um ecossistema abrangente, que inclui a cadeia de fornecedores, infraestrutura de recarga, geração e distribuição de energia, além da produção de biocombustíveis. Como consequência deste cenário, a venda de veículos híbridos e elétricos leves pode ultrapassar a de veículos a combustão até o fim desta década, atingindo 1,5 milhão em 2030, podendo representar mais de 90% em 2040.
Se hoje os modelos eletrificados respondem por pouco mais de 7% do mix de vendas de leves, em 2030 eles representarão de 39% a 54%, dependendo dos cenários previstos no estudo, e de 32% a 62% em 2035. Os pesados também terão sua parcela de novas tecnologias, embora um pouco menor (15% a 24% do mix em 2030, 335 a 42% em 2035). Até 2040 o Brasil poderá ter 86%-91% de leves e 44%-59% de pesados. Já para o segmento de veículos pesados, as vendas com novas tecnologias de propulsão podem representar 60% em 2040. Em aplicações como ônibus urbanos, as versões elétricas podem ultrapassar 50% já em 2035.
“O Brasil tem grande potencial para combinar tecnologias automotivas inovadoras com a força dos biocombustíveis para acelerar a descarbonização do setor. Este avanço está condicionado ao desenvolvimento de um ecossistema envolvendo fornecedores, infraestrutura de recarga, produção e distribuição de energia e biocombustíveis, representando importantes investimentos ao longo dos próximos”, opina Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, ressaltando que os efeitos danosos da crise climática bateram à porta neste ano, com inundações sem precedentes no Rio Grande do Sul, além da seca histórica e das queimadas que atingiram todo o país.
Somente veículos novos mais limpos não bastarão para reduzir radicalmente as emissões, revela estudo da Anfavea