Será preciso reinventar o modelo de trabalho atual

Essa foi uma das conclusões do painel de abertura que antecedeu a cerimônia de premiação das 100 maiores empresas do Paraná

Polydoro, Márcia, Hammerschmidt e Mello: o papel da liderança é fazer boas perguntas

O uso cada vez mais frequente da Inteligência Artificial (IA) e a necessidade da remodelação do sistema de trabalho atual foram os temas norteadores do painel de abertura que antecedeu a cerimônia de premiação das 100 maiores empresas paranaenses na segunda-feira (21). O debate reuniu lideranças das chamadas gerações X, Y e Z que compartilharam suas percepções, experiências e visões de como enfrentar os enormes desafios de empresas, países e planeta na construção de um futuro sustentável. “Diálogos Geracionais: juntos construímos um futuro sustentável” contou com as presenças de Márcia Baena, diretora de gente e gestão empresarial da Copel; Carlos Eduardo Hammerschmidt, vice-presidente do Grupo Potencial na frente comercial e de relações institucionais; e Mateus Mello, líder de desenvolvimento e sócio da startup Mindtech. A conversa foi mediada por Jorge Polydoro, publisher do Grupo AMANHÃ. A sede da Federação das Indústrias (Fiep), em Curitiba, recebeu os convidados na oportunidade onde AMANHÃ e PwC Brasil também divulgaram o ranking completo de 500 MAIORES DO SUL (clique aqui para checar todos os dados). O evento segue disponível no canal AMANHATV no YouTube (você poderá rever toda a cerimônia clicando neste link).

Para Mateus, o representante da geração Z no debate, a IA tem sido um enorme desafio na relação com os jovens no mercado de trabalho. “Sou da área de desenvolvimento e sei que a Inteligência Artificial pode ser uma grande aliada, mas para as novas gerações essa ferramenta pode ser um grande obstáculo, pois elas têm se mostrado dependentes dessa ferramenta”, revelou. Ele contou que, por isso, tem notado que os Zs são deficientes em procurar soluções por conta própria, característica que deve ser trabalhada pelos gestores de recursos humanos – ainda mais que a partir do próximo ano cerca de 40% da força de trabalho deve ser oriunda dos jovens nascidos entre 1997 e 2003, de acordo com uma pesquisa recente. Hammerschmidt comentou sobre a importância de as diferentes gerações conviverem e interagirem entre si. “Em nosso grupo de empresas temos jovens com essa forte ligação com a tecnologia, mas do outro lado contamos com uma geração que traz conhecimento técnico, prático e muitos anos de mercado. As empresas terão de aprender a conduzir essas gerações diferentes e tê-las em seus quadros”, sugeriu como representante dos Ys. Ele fez questão de sublinhar a importância dos professionais experientes para os jovens. “Meu pai tem 70 anos e sempre procuro perguntar algumas coisas, pois ele já vivenciou muita coisa errando e acertando. Por qual razão não procurar alguém mais experiente para não perder tempo e, principalmente, dinheiro?”, questionou. Na visão dele, a comunicação entre as diversas gerações deve ser permanente.

“Respeito a separação didática para comparar gerações, mas confesso que pessoalmente não gosto, pois ela vem acompanhada de rótulos – e se tem algo que atrapalha a construção do futuro é rotular as pessoas. Há inovadores em todas as gerações, tem gente que não tem criatividade em todas as gerações, há quem goste e não goste de trabalhar em todas as gerações”, opinou Márcia, destacando que a personalidade deve estar acima de tudo. “É preciso deixar com que as pessoas sejam o que são, falar o que pensam, serem autênticas. Acredito no poder da autenticidade como algo que transforma ambientes”, resumiu. Ela também contou que gosta do G da governança da agenda ESG, a qual prefere, por isso, usar a sigla ASG, em português. “Nesta sala só tem liderança. Essa sala tem poder e influência. Essa sala consegue transformar um pouquinho a realidade, não por caridade, mas por necessidade. Minha geração possivelmente não verá a transição [energética] acontecer. Precisamos correr, pois não temos mais tempo”, implorou. Dirigindo-se à plateia, Márcia propôs que o público fizesse o exercício do pescoço para que pudessem entender o conceito de diversidade. “Gire seu pescoço para a direita e olhe quantas pessoas parecidas têm. Agora vire para esquerda e faça o mesmo. Existem pessoas diferentes. A gente se agrega por similaridade, mas é preciso que quebremos essa bolha. Precisamos intencionalmente procurar pessoas diferentes para trocarmos ideias, pois o mundo nos apresenta muitos problemas complexos que exigem perspectivas diferentes das nossas”, aconselhou.

Uma questão vinda do público suscitou outro debate entre as gerações no encontro do Paraná. Um executivo perguntou como atrair para o mercado de trabalho pessoas que têm optado por ocupações autônomas, ao exemplo dos motoristas de aplicativo. Para Márcia, o único caminho será reinventar o modelo de trabalho que temos hoje, pois ele não é mais atrativo. “Não convencemos os jovens apenas afirmando que determinada coisa tem de ser assim, pois eles querem saber as razões e dizer o que pensam. O papel da liderança é fazer boas perguntas. Elas terão de envolver pessoas que pensam diferente na operação [dos negócios]. Hoje convivemos com um valor chamado flexibilidade”, disse. Mello confidenciou que seu comportamento é justamente esse. “Eu gosto de entender o processo e percebo que as novas gerações precisam entender os porquês. Eles querem ser valorizados e ouvidos”, afirmou. Hammerschmidt contou as iniciativas que o Grupo Potencial tem feito para reter talentos. “Nosso novo parque industrial gera mais de 300 empregos diretos. Fizemos uma parceria com o Senai para profissionalizar essa mesma mão de obra para que seja contratada quando a unidade industrial iniciar sua produção em 2026. Oferecer um plano de carreira pode ser um diferencial para essa nova geração permanecer no emprego. Outro diferencial é procurar dar benefícios que gerem valor para essas pessoas”, recomendou. 

Essa foi uma das conclusões do painel de abertura que antecedeu a cerimônia de premiação das 100 maiores empresas do Paraná

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