Senado aprova Galípolo para presidir o Banco Central

Ele é o atual diretor de política monetária do BC

Galípolo assumirá o lugar de Roberto Campos Neto a partir de 1º de janeiro de 2025, com mandato até o final de 2028

O Senado aprovou o nome de Galípolo para presidir o Banco Central (BC) a partir de 2025 por 66 votos a 5, a indicação de Gabriel Galípolo. Foram 26 votos favoráveis e nenhum contrário. Ele é o atual diretor de política monetária da autoridade monetária. Na sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Galípolo teve aprovação por unanimidade. Antes dele, o único que tinha conseguido unanimidade havia sido o atual titular do cargo, Roberto Campos Neto.

Ele respondeu várias questões dos senadores, que enviaram perguntas em bloco de cinco parlamentares ao longo da sabatina. O senador Bene Camacho (PSD-MA) questionou o reajuste da taxa Selic para conter a inflação. O parlamentar perguntou ao indicado à presidência do Banco Central se há outra forma de conter o aumento dos preços. “Não se controla mais inflação, em política monetária, pela quantidade de moeda que foi impressa pelo governo, mas sim pela taxa de juros, que tem o papel de desempenhar justamente essa função. Ela fornece uma remuneração sem riscos, ou seja, sem risco de crédito, para que os bancos reduzam o quanto eles vão jogar de liquidez no sistema e, assim, você reduz a facilidade que você teria para consumir, tomar crédito ou mesmo investir numa intenção de controlar o ímpeto do crescimento econômico ao observar o equilíbrio harmonioso entre oferta e demanda”, explicou Galípolo.

O senador Jorge Seif (PL-SC) questionou Galípolo a respeito de sua posição sobre a autonomia do Banco Central. Em resposta, o economista afirmou nunca ter sentido qualquer tipo de pressão por parte do governo e reafirmou o compromisso de seguir o mandato legal e institucional do BC, tomando decisões de maneira técnica e correta, com interesse da população. Questionado pelo senador Chico Rodrigues (PSB-RR) sobre a visão do Comitê de Política Monetária (Copom) a respeito do conflito entre política monetária e política fiscal, Galípolo explicou que a redação da comunicação oficial do Banco Central é um mecanismo de transmissão das expectativas de inflação e a inflação corrente a partir da política monetária e fiscal. Em resposta ao senador Marcos Rogério (PL-RO), Galípolo assegurou que manterá sua independência de pressões externas como presidente do Banco Central.

Ao falar sobre os preços administrados no Brasil, como os combustíveis, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que a reindexação de preços administrados na economia trouxe inflação estrutural para o país. O parlamentar lembrou que o Banco Central hoje conta com autonomia consolidada e que a política monetária da instituição deve estudar as variáveis econômicas, mas também “ficar de olho” nos elementos estruturais que levam ao aumento da inflação. “Há algumas décadas atrás os bancos centrais deixaram, gradativamente, de acompanhar a quantidade de moeda, partindo da concepção de que a moeda é endógena. Quem decide colocar moeda em circulação na economia são as instituições bancárias que concedem crédito, por isso se fala em intermediação bancária. Os bancos são quase como concessionários para a gestão de um bem público/privado que é o dinheiro, por isso o que o Banco Central define é a taxa básica de juros para criar um estímulo ou desestímulo para o consumo”, relatou o futuro presidente do Banco Central.

Questionado pelo senador Oriovisto Guimares (Podemos-PR) se teria “coragem” de aumentar juros mesmo diante de possíveis pressões vindas do presidente da República e de outros agentes políticos, o indicado disse que trabalhará com liberdade e de acordo com sua consciência. “Adoraria poder me vangloriar disso, em um ano e meio como diretor de política monetária já fiz as três opções possíveis: manter, aumentar e diminuir a taxa de juros. Mas a verdade é que nunca sofri pressão, seria leviano de minha parte dizer que isso aconteceu. Na hipótese de isso ocorrer, obviamente teria coragem de fazer. Todas as recomendações que recebi, do próprio presidente Lula e também aqui no Senado, foi para agir de acordo com minha consciência, caso contrário começaria a empilhar equívocos. Minhas decisões são tomadas de acordo com o que for melhor para a população brasileira e aqui assumo o compromisso de continuar assim. Devemos atender ao arcabouço legal e institucional do Banco Central”, respondeu.

Com Agência Senado

Ele é o atual diretor de política monetária do BC

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