Estudo do Trata Brasil mostra que no ritmo atual, estado levaria 55 anos para atingir meta do marco legal
Entre os principais desafios na gestão de recursos hídricos, está o estabelecimento de regras claras de governança, segurança jurídica e econômica para garantir os investimentos necessários para a universalização do tratamento de água e esgoto. Só em Santa Catarina, seriam necessários investimentos de cerca de R$ 20 bilhões para garantir o acesso, em valores atuais. O dado deriva de estudo do Instituto Trata Brasil, que estima que seriam necessários investimentos de R$ 231 por habitante, por ano até 2033, e contempla o crescimento da população de acordo com projeções do IBGE.
Estudo do Instituto Trata Brasil revela que Santa Catarina avançou muito pouco na ampliação do acesso ao tratamento. De 2018 a 2022, a evolução na coleta de esgoto foi de apenas 1,1% ao ano. Nesse ritmo, segundo a presidente-executiva do Instituto, Luana Siewert Pretto, levaria 55 anos para que o estado atingisse a meta de universalização do acesso determinada pelo marco legal. O dado mais recente, de 2022, mostra que apenas 29,1% da população catarinense tem acesso a tratamento de esgoto, e 89,6% da população conta com água tratada. Os números foram divulgados na apresentação da Agenda da Água 2025, iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) na sexta-feira (6).
Para Egídio Antônio Martorano, gerente-executivo de logística, meio ambiente e sustentabilidade da Fiesc, estabelecer políticas públicas de estado para a questão da água é o primeiro passo, assim como fortalecer as agências reguladoras, os comitês das bacias hidrográficas e os órgãos da defesa civil. “Para ampliar o atendimento à população catarinense, é preciso melhorar o ambiente jurídico e econômico, melhorar a governança e pensar em modelos que permitam que os investimentos necessários sejam feitos com segurança”, explicou.
Na avaliação do consultor e especialista em saneamento Yuli Mello Dugaich, a região sul é a mais atrativa para investimentos privados no setor de saneamento. As receitas das empresas de saneamento da região somadas têm a maior tarifa de arrecadação, a maior capacidade de pagamento da população e o maior custo. “Isso é consequência de uma atuação displicente. Temos um potencial de economia e redução de custos significativas, mas isso representa uma grande oportunidade. Somos a melhor alternativa para o investidor privado”, avaliou.
Segundo o Trata Brasil, os investimentos em saneamento produziriam benefícios econômicos e sociais adicionais de R$ 14,8 bilhões até 2040. A maior parte viria da economia com gastos com saúde (R$ 5,1 bilhões), seguidos por R$ 3,1 bilhões do turismo, R$ 1,9 bilhão da valorização imobiliária de R$ 1,9 bilhão e mais R$ 1,8 bilhão com ganho de renda e produtividade no trabalho. De acordo com o instituto, a cada R$ 1 investido, o estado poderia ter um retorno de R$ 5,70 no longo prazo.
Estudo do Trata Brasil mostra que no ritmo atual, estado levaria 55 anos para atingir meta do marco legal