Quais são os efeitos da alta da taxa de juros no mercado?

Estudo da Anbima revela os principais números da indústria de investimentos após um ano da elevação da Selic

As subidas dos juros devem se manter até junho diante das sucessivas “surpresas” inflacionárias

No dia 17 de março, o ciclo de alta da taxa de juros – que ainda não terminou – completou um ano, saindo de 2% para 11,75%. Segundo as projeções do grupo macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as subidas devem se manter até junho diante das sucessivas “surpresas” inflacionárias, como a interrupção das cadeias de produção, as incertezas fiscais e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Conheça a seguir os principais movimentos observados no mercado neste período.

Fundos de investimento
Os fundos de renda fixa registraram captação líquida positiva de R$ 268,4 bilhões entre março de 2021 e março de 2022 – dados até 16 de março. Esse montante é 73% do total captado pela indústria no período. A grande alocação da renda fixa fez esta categoria aumentar a sua participação relativa na indústria de 35,9% para 39%. Os multimercados aparecem em seguida com 22% contra 23,6%, na mesma base de comparação. “O ambiente de maior incerteza contribuiu para reforçar uma maior aversão ao risco por parte dos investidores, com alocações em carteiras de perfil mais conservador. É o mesmo movimento visto nas ofertas públicas”, explica Pedro Rudge, diretor da Anbima.

Entre os tipos de fundos, o de renda fixa simples (tem, no mínimo, 95% do patrimônio aplicado em títulos públicos) registrou a maior contribuição com captação líquida positiva de R$ 166,3 bilhões, seguido do tipo renda fixa duração baixa grau de investimento (aplica, no mínimo, 80% da carteira em títulos públicos e ativos com baixo risco de mercado) com R$ 89,3 bilhões. Somente os fundos de renda fixa duração alta grau de investimento superaram o IPCA acumulado em 12 meses até março de 2022 (utilizando a projeção Anbima do IPCA de março deste ano), que variou 10,5% no período. Eles tiveram rentabilidade de 11,8% no período.

Os fundos de renda fixa com mandato para maior exposição ao risco (aqueles com denominação de tipo “crédito livre”) apresentaram performance no período com captação positiva de R$ 18,6 bilhões no período.

Ofertas públicas
Houve grande concentração nos instrumentos de renda fixa, sobretudo as debêntures. Elas representaram 43% das captações do mercado de capitais no período, o que corresponde a um volume de R$ 266 bilhões. Em seguida, destacam-se as captações de FIDCs (Fundos de Investimento com Direitos Creditórios) com R$ 89 bilhões. Na renda variável, IPOs (Ofertas Públicas Iniciais de Ações, na sigla em português), e follow-ons (ofertas subsequentes dos papéis) responderam por R$ 61 bilhões e R$ 64 bilhões, respectivamente.

A participação dos ativos de renda fixa representou 70,5% do total das captações em fevereiro contra 55% em março de 2021, no início do ciclo de alta dos juros. “O aumento da demanda dos fundos de investimento nas ofertas primárias destes ativos, na comparação ao período anterior à alta da Selic, indica um ambiente favorável à alocação destes papéis nas carteiras dos investidores”, explica José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima. Somente em debêntures, a parcela alocada para as carteiras dos fundos de investimento subiu 19%, em janeiro e fevereiro do ano passado, para 34% no mesmo período de 2022.

Títulos públicos
A maior valorização entre os títulos públicos ficou com os ativos atrelados à taxa de juros diária – no caso, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) –, refletidos no subíndice IMA-S. Os títulos públicos de prazos mais longos apresentaram perda de rentabilidade diante da deterioração e da incerteza das expectativas inflacionárias – confira na tabela a seguir. Esses papéis são retratados no subíndice IRFM 1+ para aqueles pré-fixados com prazo maior de um ano e no IMA B5+ para as NTN-Bs acima de cinco anos. As quedas foram mais intensas em setembro, quando o Banco Central elevou o ritmo de aumento da taxa de juros de 0,75 pontos percentuais para 1,0 ponto percentual. “As rentabilidades diárias são bons indicativos desta percepção. Durante o ciclo de alta dos juros, elas passaram cerca de mais de 50% dos dias negativas, tanto nos pré-fixados quanto nas NTN-Bs longas”, conta Marcelo Cidade, economista da Anbima. Ele afirma que, quando o mercado tiver mais clareza no fim do ciclo da alta de juros, a diversificação de produtos e alocações nas carteiras deve aumentar.

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