Fórmula para zerar emissões soma estratégias de descarbonização, da etapa de obras ao uso, além de adoção de área de Mata Atlântica
As incorporadoras Altma e Hiex anunciaram a conclusão das obras do Árten, primeiro multiresidencial carbono zero do Brasil, que será entregue no fim de novembro. O empreendimento, construído em Curitiba incorporou diversas soluções para redução de gases do efeito estufa durante e após a construção. E o saldo de emissões da obra, calculado em 2.640 toneladas de CO2, já está sendo compensado com a manutenção dos estoques de carbono de uma área de Mata Atlântica, em reserva ecológica no Litoral do Paraná. Com oito pavimentos e 34 apartamentos, o Árten tem 5.845 metros quadrados de área construída. A fórmula que tornou possível a construção de um empreendimento carbono zero desse porte partiu do cálculo da pegada de carbono por metodologia internacional. O projeto inicial, de 2019, foi lapidado para alcançar a máxima eficiência, endossada com o selo Procel Edifica A. Além disso, foi adotado um check list de boas práticas que reduziram de forma significativa o impacto ambiental da obra.
De acordo com a engenheira Júlia Berticelli Basso, coordenadora de sustentabilidade corporativa da Hiex, foram consideradas as emissões associadas à construção do empreendimento e também as estimadas com o uso do edifício pelos futuros moradores. “Levamos em conta o carbono incorporado, associado aos impactos atribuídos aos materiais ao longo de seu ciclo de vida, e também o carbono operacional, relacionado às emissões durante a vida útil do edifício, como consumo de eletricidade, aquecimento, resfriamento e todo o impacto na cadeia de valor”, explica. Com a escolha de materiais de menor impacto ambiental e gestão eficiente das sobras da obra, mais de 107 toneladas de resíduos de construção civil – o que corresponde a 156 caçambas – foram desviadas de aterros sanitários. Ao longo da construção, o material passou por triagem e, em vez de descartado, foi reaproveitado, por meio de doações e destinação para reciclagem.
O cálculo de emissões do Árten também considerou o combustível usado no transporte de matéria-prima e estruturas para o canteiro de obras. Para reduzir o impacto com os deslocamentos e fomentar a economia local, foram priorizados fornecedores locais. A seleção resultou em 40% de empresas e indústrias situadas em um raio de até 200 quilômetros da obra. Além das medidas de redução do impacto ambiental da obra, o projeto do Árten recebeu uma série de itens de sustentabilidade com efeito nas emissões pelo uso do empreendimento, após a entrega. Entre eles, um sistema fotovoltaico para uso da energia elétrica de matriz solar nas áreas comuns, equipadas com sensores de presença e lâmpadas de LED. Nos apartamentos, foram instalados os sistemas de ecoclick – que permitem o desligamento de interruptores e lâmpadas de forma remota – e de banho inteligente com recirculação da água, com acionamento dos chuveiros por smartphones.
As soluções de conforto térmico, como ventilação cruzada e esquadrias termoacústicas, contribuíram para a redução das emissões futuras, em função da redução do uso de climatizadores. No manual do proprietário, os moradores serão orientados a optar por modelos de ar condicionado com fluído R032, de baixo impacto de GWP (Potencial de Aquecimento Global). A partir de simulações, o projeto arquitetônico do Árten também incorporou a eficiência lumínica, para máximo aproveitamento da iluminação natural. Com VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 40 milhões, o empreendimento será inaugurado com 80% das unidades vendidas. “A construção civil é responsável por cerca de 40% das emissões globais de CO2 e nos sentimos cobrados a assumir um posicionamento mais consciente com relação à emergência climática. Para nós, que participamos de todo o processo pioneiro que viabilizou o primeiro edifício carbono zero do país, a missão cumprida é a de inspirar e encorajar iniciativas semelhantes”, afirma o engenheiro Gabriel Falavina Dias, sócio e diretor da Altma.
Fórmula para zerar emissões soma estratégias de descarbonização, da etapa de obras ao uso, além de adoção de área de Mata Atlântica