Participação de importados no mercado brasileiro é a maior desde 2003

Estudo da CNI reforça a baixa competitividade nacional em relação aos concorrentes estrangeiros

O crescimento ocorreu mesmo com a desvalorização do real, o que pode ser explicado pela defasagem usual de resposta da quantidade importada à taxa de câmbio

A indústria brasileira teve a maior perda de participação para outros países no mercado doméstico em 19 anos, de acordo com o estudo Coeficientes de Abertura Comercial (CAC). A análise, divulgada nesta sexta-feira (16), é produzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) e mede o grau de integração da indústria do Brasil com o comércio internacional, por meio de quatro coeficientes – dois que avaliam as exportações e dois que medem a participação das importações no mercado brasileiro.

O destaque da edição mais atual do estudo é o resultado do Coeficiente de Penetração das Importações, que mede a participação dos bens importados no consumo aparente do Brasil, ou seja, tudo o que é produzido internamente, com exceção do que é exportado, adicionado aos bens que são importados. Em 2021, o indicador registrou a marca de 24,8%, com aumento de 1,4 ponto percentual em relação à edição anterior da análise, em 2019, quando atingiu 23,4%. O resultado obtido durante o período da pandemia de Covid-19 marcou novo recorde da série, iniciada em 2003, em preços constantes.

Para o superintendente de desenvolvimento industrial da CNI, Renato da Fonseca, o estudo reforça a baixa competitividade brasileira em relação aos concorrentes estrangeiros. “O crescimento dos indicadores sobre importação e a relativa estabilidade do coeficiente de exportação aponta que seguimos com o desafio de elevar a competitividade da indústria brasileira. Quando a competitividade é baixa, as empresas enfrentam dificuldades para competir tanto no mercado doméstico como no externo e a retomada do crescimento econômico é comprometida”, afirma Fonseca.

O crescimento do Coeficiente de Penetração das Importações ocorreu mesmo com a desvalorização do real, o que pode ser explicado, de acordo com o estudo, pela defasagem usual de resposta da quantidade importada à taxa de câmbio e pela retomada do consumo e da produção, com foco em produtos com maior conteúdo de importados, como o setor de farmoquímicos e farmacêuticos – em função dos desafios da pandemia. O setor foi o que apresentou maior alta no coeficiente, com elevação expressiva de 13,6 pontos, na comparação com 2021-2019, e alta de 80,1% no valor importado no período. “De fato, a necessidade de maior oferta de medicamentos e de vacinas para o enfrentamento da pandemia foi um fator que motivou o crescimento do coeficiente de penetração das importações, mas é importante ressaltar que independente desse setor há uma tendência de crescimento da participação do importados no mercado brasileiro”, avalia Fonseca.

Estudo da CNI reforça a baixa competitividade nacional em relação aos concorrentes estrangeiros

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