Pacote de estímulos à economia da China pode impactar preço de commodities

Incentivo do gigante asiático ao segmento de construção pode pressionar preços de cobre, minério de ferro e alumínio

Construção e o setor metalmecânico competem por insumos como cobre, alumínio e minério de ferro

O setor metalmecânico catarinense avalia com atenção os movimentos de preços das commodities após o anúncio do pacote de incentivos do governo chinês ao segmento da construção. Isso porque a construção e o setor metalmecânico competem por insumos como cobre, alumínio e minério de ferro. Em reunião da câmara de desenvolvimento da indústria metalmecânica em Blumenau, o economista Marcelo de Albuquerque, da Federação das Indústrias (Fiesc), fez uma apresentação sobre as tendências de preços dos principais insumos e também do cenário econômico doméstico e internacional e seus impactos no ramo.

O pacote econômico chinês prevê injetar US$ 140 bilhões na economia do país por meio da liberação de depósitos compulsórios, incentivar a construção ao reduzir o valor mínimo de entrada na compra de imóveis e a renegociação de hipotecas. Uma maior demanda decorrente do incentivo da China pode elevar preços desses materiais, afetando a estrutura de custos do metalmecânico, explica o economista. Responsável por 12,4% do PIB catarinense, o ramo emprega cerca de 60 mil pessoas no estado e é responsável por cerca de 5% das exportações catarinenses. O setor é especialmente relevante porque fornece insumos críticos para a indústria de transformação, como a fabricação de automóveis e de máquinas e equipamentos. “A expectativa é de que preços como o do cobre, que já enfrenta restrição de oferta decorrente de grandes minas enfrentando dificuldades técnicas, países produtores enfrentando sanções e questões regulatórias e trabalhistas, continuem subindo”, estima Albuquerque.

A transição global para energias renováveis está aumentando a demanda pelo metal, essencial para tecnologias como painéis solares e turbinas eólicas, e também na fabricação de motores. No caso do minério de ferro, que vinha sofrendo com a desaceleração da economia chinesa, a expectativa é de recuperação de preços com o aumento da demanda pós pacote de incentivos. “Em relação ao alumínio, a expectativa é de que a redução de oferta devido a sanções sobre a produção russa e aumento de custos de energia possa equilibrar o aumento da demanda”, avalia o economista.

No entanto, Albuquerque analisa com cautela os efeitos do pacote de estímulos. “Políticas econômicas podem levar tempo para surtir efeito, especialmente sobre o nível de atividade econômica. Embora os preços possam apresentar maior volatilidade no curto prazo, conforme os dados mostraram, essas flutuações podem não se sustentar caso a política econômica não tenha o impacto esperado, bem como a presença de outras pressões sobre os preços internacionais podem mudar o direcionamento da tendência”, contextualiza. No mercado interno, a previsão de um ciclo de alta na taxa de juros iniciado em setembro pode afetar a demanda por produtos do setor. Desde o início do ciclo de queda da Selic em meados de 2023, o segmento vinha observando um bom momento, impulsionado não só por crédito mais acessível, mas também pelo elevado consumo das famílias.

Incentivo do gigante asiático ao segmento de construção pode pressionar preços de cobre, minério de ferro e alumínio

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