Situação de pleno emprego mantém nível de consumo das famílias elevado e pode acelerar alta nos juros
Os índices de desemprego em níveis extremamente baixos divulgados na semana passada – os menores de 2014 – estão entre os fatores domésticos que justificam uma possível aceleração no ritmo de alta da taxa de juros. A avaliação é do economista-chefe da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Pablo Bittencourt. A expectativa dele é que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decida aumentar a Selic em 0,5 ponto percentual na reunião que inicia nesta terça-feira (5). Os dados da produção industrial divulgados na sexta-feira (1) mostraram uma economia aquecida (1,1% de crescimento), inclusive nos segmentos que dependem fortemente da taxa de juros e corroboram a perspectiva de um ritmo mais acelerado de alta.
Aliados aos motivos do cenário doméstico, Bittencourt destaca ainda que os dados sobre a geração de emprego nos Estados Unidos vieram abaixo do esperado, o que deve manter a expectativa de corte de juros por lá e reforçam a projeção de queda contínua ao longo do primeiro semestre de 2025. Além da reunião do Copom, atrai a atenção do mercado a possibilidade de o governo federal lançar um pacote de redução de gastos de cerca de R$ 30 bilhões. Num momento em que algumas regiões do país vivem uma situação de pleno emprego – Santa Catarina entre elas –, gastos com seguro desemprego crescentes também pressionam as contas públicas.
A questão, segundo o economista da Fiesc, é o formato que o governo vai escolher para tratar a questão. Maior problema do Brasil hoje, o equilíbrio fiscal tem dois principais gargalos: a vinculação das despesas previdenciárias com o aumento do salário mínimo e o indexador dos gastos em saúde e educação, os limites mínimos constitucionais. Bittencourt afirma ainda que não acredita que o atual governo faça mudanças na vinculação das despesas com aposentadorias e pensões, mas destaca que alterações no mínimo constitucional são mais prováveis.
Situação de pleno emprego mantém nível de consumo das famílias elevado e pode acelerar alta nos juros