Revisão constitucional deve ser por plebiscito, defende José Ernesto Marino Neto
“Vamos devolver o poder ao povo – Ideias para o Brasil” é o livro de estreia de José Ernesto Marino Neto. A obra, de 216 páginas, reúne artigos produzidos em defesa de uma tese que ganha adeptos em grande velocidade: o Brasil precisa de uma Constituição que traduza os desejos dos cidadãos e que seja a expressão de sua liberdade para decidir. Para tanto, a definição da nova Carta Magna não pode ser delegada a representantes. Essa é uma tarefa que cabe ao próprio brasileiro e há instrumentos adequados para tanto, como plebiscitos e referendos.
O autor faz dessa convicção sua bandeira como cidadão. Para o paulistano José Ernesto Marino Neto, formado pela Escola de Direito do Largo de São Francisco, que seguiu carreira profissional como empresário do turismo, a liberdade é a principal virtude de qualquer sociedade. “Embora iguais na natureza, somos diferentes como indivíduos”, diz, ao defender o livre arbítrio como direito inalienável.
Ao longo dos 58 artigos, muitos deles publicados em um blog criado para comunicar seu ideário, Marino aborda criticamente os grandes temas que travam a vida política e econômica do país. Entre eles, a falência do Estado brasileiro, o cipoal paralisante do sistema tributário, a inadiável reforma trabalhista e o fundo partidário que sustenta as eleições proporcionais e majoritárias. “Partido político que se preze deve ser sustentado por seus associados. É como um clube de pessoas que se reúnem em torno de ideias. Se não há ideias ou se não há pessoas, não há razão para haver o clube”, provoca.
Também vai fundo no debate sobre o futuro do capitalismo liberal — que “apenas conseguirá competir se a eficiência do setor privado contaminar o setor público” — e denuncia as falsas premissas da social-democracia, baseada no estado de bem-estar social e no intervencionismo estatal. “A história ensina que apenas o livre mercado gera riquezas, que liberdades individuais recriam, reciclam e inovam em benefício dos usuários e consumidores, bem como liberdades geram sociedades de benemerência e de fraternidade.”
Para Marino, a presença do Estado na economia, na política e na vida social deve ser redefinida em uma nova Constituição. “Quando diminuímos o tamanho do Estado diminuímos a corrupção. Quando enaltecemos a livre iniciativa, aumentamos o grau de liberdade do povo.” Essa não pode ser uma caminhada inspirada por ideologias, mas por espírito prático e urgência de reconstituir o vigor da sociedade brasileira. “As teorias caem por terra quando a realidade as supera. Acabou a época da esquerda e da direita. Estamos na era do pragmatismo”, reforça.
Só dessa maneira o país pode virar o jogo contra a herança cartorial e burocrática que o impede de cumprir seu destino de sociedade moderna. “Ainda hoje o Brasil carrega um grande fardo sobre seus ombros, alternando grupos no poder que impõem privilégios a si próprios, aumentando o peso nos ombros da sociedade. A liberdade para empreender é sufocada pela burocracia, enquanto a individual é sufocada pelos poderosos grupos instalados no Poder.”
Empresário trouxe redes hoteleiras internacionais
Marino nasceu em São Paulo, em 1964, e ingressou no mercado da consultoria hoteleira logo ao diplomar-se em Direito, nos anos 80. Percebeu que em um mercado pequeno deveria fazer diferente e ser ousado. Foi para o exterior convencer grandes players internacionais do setor a investir em um país com inflação em disparada, moeda fraca, economia imprevisível e política instável, recém-saído de décadas de regime militar.
Com pouco mais de 25 anos, em 1989 trouxe o Grupo Meliá de Hotéis. Mesmo com a sucessão de crises, no setor hoteleiro os resultados apareceram. As gestões de Marino trouxeram para o país, a despeito de boicote dos players locais, que não queriam competição, marcas do porte da SuperClubs (Jamaica), Sonesta (EUA), Howard Johnson (EUA), Tivoli (Portugal), Ramada (EUA), Days Inn (EUA), NH Hoteles (Espanha) e Red Roof (EUA). “Até hoje há ‘opinion makers’ do mercado americano que me chamam de Mr. Brasil”, festeja.
Fundador e presidente da BSH International, que administra várias grandes redes hoteleiras no país, Marino e o sócio José Paim lançaram em 2021, em Canela (RS), o projeto de revitalização de um dos mais emblemáticos hotéis brasileiros de luxo, agora gerido pela operadora alemã Kempinski. O Kempinski Laje de Pedra receberá investimentos de R$ 540 milhões e tem previsão de reinauguração no segundo semestre de 2024.
Um livre-pensador convida ao debate
Em suas andanças internacionais, fez palestras na New York University, tornou-se membro do conselho consultivo do Centro de Hospitalidade, Turismo e Esportes da NYU e tutor de alunos brasileiros de hotelaria e turismo. No fim dos anos 90, aceitou convite para lecionar na Fundação Getúlio Vargas e buscou especialização em Turismo pela USP. Seguiram-se o mestrado, o doutorado e o PhD em Administração na Florida (EUA). Sua tese de doutorado foi base para coordenar o regramento do Condo-Hotel como Valor Mobiliário, atividade que desempenhou ao longo de quatro anos, na FGV, até publicação da Instrução Normativa CVM 602, marco regulatório do setor.
Simpatizante do voluntarismo, fez política estudantil na juventude, e agora como empresário reconhecido assumiu de vez o papel de livre-pensador, antevisto pelo professor americano que lhe entregou o diploma de doutor. Seus artigos, encerrados cada um com o bordão que dá título ao livro – “Vamos devolver o poder ao povo” – nascem da experiência que reuniu ao longo da vida. E que oferece agora ao debate público.
O livro será lançado em São Paulo, no dia 16 de fevereiro, às 18h, no Bar Veríssimo, no Brooklin. Em Curitiba o lançamento será no dia 23, às 18h, no Hotel NH Curitiba The Five. Em Canela, será no dia 9 de março no Mirante Laje de Pedra. Outras sessões de autógrafo estão sendo agendadas. Também há uma agenda de entrevistas e palestras que ao longo do primeiro semestre vão provocar os brasileiros, com a proposta de mexer com suas convicções e fazê-los buscar instrumentos para tomar nas próprias mãos o destino de suas vidas e do Brasil.
Revisão constitucional deve ser por plebiscito, defende José Ernesto Marino Neto