Em evento na Fiesc, especialista alemão aponta potencial brasileiro para produção nacional de fertilizantes e de aço a partir do hidrogênio verde
Especialista em energias renováveis e economia de energia, o pesquisador da Universidade de Colônia (na Alemanha) Ingo Stadler afirma que o Brasil, embora tenha uma condição energética excelente, é também um grande emissor de gases de efeito estufa. Esse paradoxo está, por exemplo, na condição de grande produtor de alimentos, mas importador de fertilizantes, ou de grande exportador de minério de ferro, quando poderia exportar o aço, com maior valor agregado e que pode ser produzido com energias renováveis. Stadler participou, na terça-feira (22) do painel Transição Energética no primeiro dia do Fórum Radar Reinvenção, promovido pela Academia Fiesc de Negócios. “Sabemos que a indústria vai para onde há energia barata; então a geração de energia de baixo custo e sustentável pode atrair investimentos industriais”, disse o pesquisador.
Stadler constata que o Brasil, pelas suas extensas áreas de agricultura, tem grande demanda por fertilizantes, em cuja composição tem amônia, obtida do hidrogênio, que é extraído da molécula da água a partir de um processo chamado de eletrólise. Como o nome diz, é um processo elétrico para o qual existem as possibilidades de ser fonte renovável ou não. Quando obtido com o uso de energia renovável, é chamado de hidrogênio verde.
O potencial brasileiro apontado pelo pesquisador alemão está na possibilidade de produção de amônia obtida por meio do hidrogênio verde. Além de estimular a produção nacional de fertilizantes, o modelo permite a exportação de hidrogênio verde. “Esta é uma energia que pode ser armazenada e transportada”, classificou outro participante do painel, Sebastião Nau, da catarinense Weg. Outro exemplo citado por Stadler sobre o potencial brasileiro de geração de energia por meio da indústria química está na produção de aço, que é obtido com a adição de carbono ao ferro. O Brasil é um grande exportador de minério de ferro, que é uma commodity (produto de baixo valor agregado). Neste caso, o potencial brasileiro está no chamado aço verde, que não mais tem a adição de CO e sim de hidrogênio – e novamente o hidrogênio verde.
Em evento na Fiesc, especialista alemão aponta potencial brasileiro para produção nacional de fertilizantes e de aço a partir do hidrogênio verde