Dólar acima de R$ 6: vale investir mesmo com alta recorde?

Vários fatores têm afetado e levado a moeda norte-americana ao maior patamar da história

Saber ao certo o que irá acontecer com o dólar é impossível, mas algumas projeções são feitas

Na segunda-feira (2), o dólar terminou o dia cotado a R$ 6,06, máxima histórica de fechamento. O valor recorde não foi resultado de apenas um dia ou motivo, mas de uma sequência de altas e fatores. Além das diversas formas através das quais o dólar influencia na economia brasileira, os investidores também se perguntam: vale investir na moeda agora, em momento de alta histórica? Para responder a essa pergunta, é necessário entender alguns pontos. Vários fatores têm pressionado o câmbio e, em conjunto, explicam o dólar em patamar recorde. Segundo Alex Nery, professor da FIA Business School, no cenário local, a condução da política fiscal leva os agentes a acreditarem que o governo não conseguirá cumprir a meta fiscal, fato que se agravou com a divulgação de medidas consideradas insuficientes para controlar os gastos públicos.

Além disso, de acordo com Nery, o cenário externo tem pressionado o câmbio, dado que, com a eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, espera-se a adoção de medidas protecionistas e inflacionárias. Ainda em relação ao cenário externo, uma série de eventos tem gerado uma maior aversão ao risco em mercados emergentes, como é o caso do Brasil. “O aperto monetário conduzido por economias desenvolvidas, especialmente pelos Estados Unidos, atrai fluxos de capital para esses mercados, drenando liquidez de economias emergentes como o Brasil. As tensões geopolíticas, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, aumentam a busca por ativos de refúgio, fortalecendo o dólar”, aponta o professor. Para Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, as decisões do plano de retomada do crescimento da China não vieram com a força esperada e, portanto, também afetam o dólar.

O professor da FIA Business School destaca que investir em ativos de risco sempre requer muita cautela, principalmente quando eles estão em máximas históricas. Isso porque os ajustes tendem a ser repentinos. “É muito difícil prever o valor de variáveis de risco, como o câmbio, por exemplo. A máxima histórica não significa necessariamente que a variável não tem mais espaço para crescer, por isso pode ser vantajoso o investimento dependendo do que cenário que se projeta”, ressalta ele. A decisão sobre se vale a pena ou não o investimento depende do apetite a risco do investidor, da análise de cenários e das expectativas em relação ao mercado. Além disso, é sempre bom lembrar da estratégia de diversificação para mitigar riscos.

Ao que o investidor precisa se atentar
Para quem quer investir em dólar, Alex Nery afirma que é preciso se atentar às variáveis que têm influenciado a moeda. Ou seja, às expectativas em relação à condução das políticas fiscal e monetária pelo governo brasileiro e ao cenário externo. “A política monetária dos Estados Unidos, em particular, tem impacto direto na força do dólar, especialmente quando o Federal Reserve [o Banco Central dos EUA] eleva as taxas de juros”, diz ele. Conflitos geopolíticos e crises globais também desempenham um papel importante ao promoverem a busca por segurança no dólar. Além disso, os investidores devem avaliar estratégias de hedge cambial para proteger suas carteiras da volatilidade. Sant’ Anna ainda aponta que o dólar é um ativo de proteção, e que por esse motivo é sempre um investimento a ser considerado na carteira do investidor.

Perspectiva para o dólar
Saber ao certo o que irá acontecer com o dólar é impossível, mas algumas projeções são feitas. Para Nery, algumas projeções de mercado indicam que a taxa de câmbio pode fechar em torno de R$ 5,70 ao final de 2024 e início de 2025. “É uma taxa menor do que a observada hoje, mas acima das expectativas de um mês atrás. Isso significa que as expectativas atuais são de que o câmbio deve se valorizar”, ressalta ele. O especialista da Star Desk ainda aponta projeções maiores, com projeções de R$ 6 para o fim do ano, e numa visão mais negativa do cenário local até mesmo chegando a R$ 6,50. Por fim, o professor da FIA Business School ainda destaca que mudanças de cenários interno e externo podem mudar rapidamente essas perspectivas. “As projeções cambiais requerem acompanhamento contínuo e adaptação às condições dinâmicas do mercado”, sugere.

Com Redação da B3

Vários fatores têm afetado e levado a moeda norte-americana ao maior patamar da história

Author:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *