Iniciativa poderá aumentar a autonomia do Rio Grande do Sul na produção de fertilizantes
O governo gaúcho, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), deu um passo importante na sua jornada de transição energética ao assinar um memorando de entendimento com a Begreen Bioenergia e Fertilizantes Sustentáveis. O acordo marca o início de uma parceria estratégica para a construção de três fábricas que irão produzir hidrogênio verde (H2V) e amônia (NH3). O projeto poderá aumentar a autonomia do Rio Grande do Sul na produção de fertilizantes, reduzindo a importação de insumos agrícolas.
O projeto integra uma estratégia mais ampla dos projetos estruturantes do Plano Rio Grande. A iniciativa visa desenvolver a cadeia produtiva de H2V, impulsionando a inovação, promovendo a economia de baixo carbono e atraindo investimentos, como explica a titular da Sema, Marjorie Kauffmann. O investimento total previsto para as fábricas é de aproximadamente R$ 150 milhões, e a capacidade de produção será de 8 mil toneladas anuais de amônia. As fábricas serão instaladas em Passo Fundo, Tio Hugo e Condor. As duas primeiras estão em fase de licenciamento ambiental, ao passo que terceira está em processo de regularização imobiliária. Com a expectativa de gerar aproximadamente 120 empregos diretos durante a construção das fábricas e cerca de 30 empregos permanentes para manutenção, as primeiras fábricas começarão a operar até 2027.
O diretor de operações da Begreen, Luiz Paulo Hauth, destacou que os projetos estão alinhados com a rápida expansão global do hidrogênio de baixo carbono. Ele mencionou os dados da Agência Internacional de Energia (IEA) prevendo que a capacidade de hidrogênio verde alcançará 420 GW até 2030, representando um aumento significativo em relação aos atuais 2 GW. De acordo com diretor do departamento de energia da Sema, Rodrigo Huguenin, as novas instalações da Begreen reforçam os objetivos estratégicos do Estado, que é signatário de compromissos globais para uma transição energética de descarbonização, conforme estabelecido pelo programa estadual de desenvolvimento da cadeia produtiva do H2V. Também são parceiros do programa a Arpoador Energia, CMPC, CPFL Energia, Enerfin, Equinor/Portos RS, Green EN.IT e Ventos do Atlântico Energia Eólica, Mitsubishi Power, Neoenergia, Ocean Winds, prefeitura de Rio Grande e White Martins.
Amônia verde
O fertilizante nitrogenado fabricado a partir de hidrogênio e nitrogênio obtidos de fontes renováveis oferece uma alternativa sustentável à amônia convencional. No Brasil, onde mais de 80% dos fertilizantes são importados, a produção local desse fertilizante utilizando energia renovável pode reduzir a dependência de importações e ajudar a diminuir as emissões de gases do efeito estufa (GEE). Seu uso nas lavouras gaúchas pode trazer melhorias significativas para culturas como a da soja, do milho e do trigo. Ao evitar o uso de combustíveis fósseis e a emissão de gases poluentes, a amônia verde promove um crescimento mais saudável das plantas e contribui para a qualidade do solo. A prática pode reduzir custos a longo prazo e resultar em safras mais produtivas, favorecendo uma agricultura mais sustentável.
Iniciativa poderá aumentar a autonomia do Rio Grande do Sul na produção de fertilizantes