Região cresceu acima da média nacional, nota Banco Central
Após registrar o pior desempenho em 2022, o Sul cresceu acima da média nacional, impulsionado pelo setor de serviços e pela recuperação da agropecuária. O crescimento do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) em 2023 foi de 3,6% na região, comparado à estabilidade de 2022. A agropecuária, especialmente a produção de soja, devolveu recuo registrado no ano anterior devido a condições climáticas adversas. Esta foi uma das conclusões do Boletim Regional, publicado pelo Banco Central (BC) na quinta-feira (28). A voltada à análise da conjuntura macroeconômica doméstica em nível regional, agora tem um novo formato (veja detalhes e, também, confira o documento na íntegra ao final desta reportagem).
No setor de serviços, nota o BC, a região Sul foi a única a apresentar aceleração, refletindo maiores variações no comércio e na atividade imobiliária e uma desaceleração mais leve nos “outros serviços”. A indústria de transformação foi a única atividade com retração, decorrente, principalmente, das contribuições negativas de veículos automotores; máquinas e equipamentos e produtos do metal. Por estado, o Paraná registrou o maior crescimento da região, e o segundo melhor do país, com destaque para o desempenho de agropecuária, comércio e “outros serviços”, enquanto o menor crescimento da região ocorreu no Rio Grande do Sul, em grande parte, pela retração da indústria de transformação.
“As produções agrícola e pecuária apresentaram crescimento elevado em 2023, com elevações em todas as regiões. As Unidades da Federação que tiveram o melhor desempenho na agricultura foram Mato Grosso do Sul e Paraná, principalmente em decorrência de aumentos expressivos na produção de soja, e, em menor medida, da produção de milho”, destaca o Boletim Regional. “A produção industrial manteve-se praticamente estável em 2023, mas houve forte aumento na indústria extrativa e recuo na indústria de transformação, o que ajuda a entender a diferença de desempenho entre as regiões. O desempenho positivo da indústria extrativa foi impulsionado pelos aumentos de produção no Norte e no Sudeste – regiões onde esse setor tem maior relevância. O recuo da indústria de transformação resultou de quedas no Nordeste, principalmente em produtos químicos e de metal, no Sul, com retrações mais relevantes em veículos automotores, produtos de metal e metalurgia, e no Sudeste, sobretudo devido à menor produção de produtos químicos, de informática, veículos automotores e máquinas e equipamentos”, detalha o BC.
De acordo com o documento, o volume de serviços manteve crescimento em todas as regiões pelo terceiro ano consecutivo, embora em ritmo menos intenso. Apesar do aumento generalizado, a evolução foi heterogênea entre as regiões, com crescimentos expressivos e maiores do que os de 2022 nas regiões Sul e Centro-Oeste e de menor intensidade no Sudeste, onde houve redução em transportes e outros serviços. Por Unidade da Federação, Mato Grosso, Paraná e Tocantins foram os destaques positivos, enquanto Amapá e São Paulo foram as únicas que registraram retração em 2023.
“No Sul, a desaceleração do crédito foi disseminada e a inadimplência dos empréstimos às empresas aumentou. O saldo de crédito na região cresceu 7,7%, em linha com a média nacional, mas 8,3 pontos percentuais a menos que no ano anterior. A perda de ritmo afetou a maioria das modalidades. Nos empréstimos às famílias, destaque para o arrefecimento do financiamento rural, do crédito consignado e do cartão de crédito financiado. Nos empréstimos às empresas, a redução nos saldos do financiamento à exportação e do capital de giro contribuiu para a retração do segmento com recursos livres. Por outro lado, as operações do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC) cresceram, após um período de amortizações no ano anterior”, explica o BC. De acordo com as estatísticas captadas pela autoridade monetária, o crédito variou 8,6% em Santa Catarina e 7,3% no Paraná e no Rio Grande do Sul, com desaceleração nos três estados. A inadimplência no Sul continua sendo a menor entre as regiões, embora tenha aumentado de 2,1% para 2,4% entre 2022 e 2023.
No Sul houve diminuição do déficit comercial em 2023, para US$ 1,5 bilhão. O resultado refletiu leve aumento nas exportações e uma redução nas importações. O aumento das exportações foi impulsionado pelas vendas de produtos básicos, especialmente soja, milho e farelo de soja. Em contrapartida, as exportações de semimanufaturados, especialmente de celulose, apresentaram queda. No lado das importações, destacaram-se os aumentos em bens intermediários (fertilizantes, polímeros de etileno e laminados de ferro ou aço) e combustíveis e lubrificantes.
Metodologia
O Boletim Regional, publicação do Banco Central do Brasil (BC) voltada à análise da conjuntura macroeconômica doméstica em nível regional, apresenta-se com um novo formato. Desde sua primeira edição, em 2007, até a primeira edição do volume 17, publicada no início de 2023 com dados até dezembro de 2022, o Boletim teve periodicidade trimestral e seu conteúdo estava estruturado privilegiando o recorte regional. Havia um capítulo para cada Grande Região e alguns estados – aqueles com representação do Banco Central e maior disponibilidade de dados – eram analisados separadamente. Um capítulo final discutia a atividade econômica nacional à luz dos indicadores regionais.
A partir desta edição, o Boletim Regional passa a ter periodicidade anual e adota uma nova estrutura. Para privilegiar a análise comparativa, os capítulos agora são divididos por temas: atividade econômica, mercado de trabalho, crédito, balança comercial e inflação. A nova estrutura facilita a identificação de movimentos comuns a todo país e de peculiaridades regionais em cada um dos temas analisados. Em geral, o texto trata das Grandes Regiões, mas o Boletim agora conta com um apêndice com dezenas de tabelas com dados por estado, para consulta pelo leitor interessado. No entanto, nem tudo mudou: a exemplo do Relatório de Inflação, o Boletim Regional continua a incluir boxes com análises mais detalhadas sobre temas específicos. Esta edição aborda a economia brasileira e de suas regiões em 2023. Sua publicação ocorre no último trimestre de 2024 em caráter excepcional. A partir da próxima edição, a publicação do Boletim está prevista para o segundo trimestre.
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