As máquinas nos servem, jamais o contrário

O grande desafio daqui em diante está, inegavelmente, nas questões éticas e morais que decorrem das novas tecnologias e do uso da Inteligência Artificial

A tecnologia pode ser benéfica ou prejudicial a depender de como a sociedade fará uso dela

“Using AI to Accelerate Scientific Discovery”. Essa foi a chamada da palestra que assisti na University of Oxford hoje, no suntuoso Sheldonian Theatre. O evento organizado pelo Institute for Ethics in AI, trouxe o fundador e CEO da DeepMind, Demis Hassabis, para falar sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) na pesquisa científica.

A empresa britânica, que atualmente pertence ao Google, tem apresentado verdadeiros avanços na implementação de soluções baseadas em tecnologia de IA. O auditório estava lotado de acadêmicos e pesquisadores. Hassabis falou sobre trajetória da empresa desde o desenvolvimento do programa AlphaGo. O software que derrotou o campeão mundial do mais complexo e antigo jogo de tabuleiro chinês, o Go. Com uma tradição de mais de três mil anos, o jogo permite uma enormidade de possibilidades até então inimaginável de ser executada artificialmente. A disputa, pode se dizer, foi entre a intuição humana e capacidade computacional. E fomos vencidos.

A evolução algorítmica que superou o humano agora dá mais um passo rumo à biologia digital. A AlphaFold, empresa derivada e voltada para a pesquisa científica, usa o mesmo modelo algorítmico para predizer e mapear proteínas em nosso organismo. O objetivo é descortinar a biologia humana e trazer novas descobertas na área da saúde. Hassabis, que é neurocientista de formação, ressalta que o pioneirismo também traz responsabilidades. “É preciso andar rápido, mas com cuidado para não destruir o que se conquistou”, disse à platéia da comunidade acadêmica de Oxdord. E arrematou: “a tecnologia pode ser benéfica ou prejudicial a depender de como a sociedade fará uso dela”.

O grande desafio daqui em diante está, inegavelmente, nas questões éticas e morais que decorrem das novas tecnologias e do uso da IA, e para as quais não se tem respostas definitivas. A tarefa será reflexiva, e, preponderantemente, humana. Até porque as máquinas nos servem, jamais o contrário. O debate segue robusto e repleto de indagações.

*Doutor em Direito Civil pela UFRGS, Mestre em Direito Romano e Unificação do Direito pela Università di Roma ‘Tor Vergata’, professor no curso de Pós-Graduação da PUC/RS sobre Responsabilidade Civil e advogado em Porto Alegre.

O grande desafio daqui em diante está, inegavelmente, nas questões éticas e morais que decorrem das novas tecnologias e do uso da Inteligência Artificial

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