A expectativa para 2022 é de que a taxa de crescimento do PIB desacelere no Brasil e no Rio Grande do Sul
A inflação foi o tema do ano. Foi a essa conclusão que o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, chegou durante a apresentação do Balanço 2021 e Perspectivas 2022 da federação nesta terça-feira (14). Segundo ele, o comportamento dos índices de preços no início do ano sinalizava um quadro já bem pressionado em alguns segmentos, principalmente por conta dos custos de matérias-primas e dos preços de commodities. “Com a maior retomada da atividade, a inflação foi refletindo cada vez mais os diversos gargalos na oferta e o que se vê agora, mais uma vez, é que a base de recuperação para o país será a centralidade na indústria”, disse Petry.
Com a maior retomada da atividade, a inflação foi refletindo cada vez mais os diversos gargalos na oferta e o que se vê agora, mais uma vez, é que a base de recuperação para o país será a centralidade na indústria. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) deverá encerrar 2021 em 10,1% e a expectativa é de uma desaceleração para 5,8% ao final de 2022. Porém, de acordo com a Fiergs, a convergência para o centro da meta de 3,25% só deverá ocorrer em 2023.
Os desafios trazidos pelo ano seguinte, com sinalizações de política fiscal e ambiente externo e político instáveis, acabam dificultando ainda mais o percurso. Segundo as projeções, em análise elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos, a expectativa para 2022 é de que a taxa de crescimento do PIB desacelere no Brasil e no Rio Grande do Sul, respondendo tanto aos menores estímulos fiscais – que tiveram parte dos seus efeitos ainda favorecendo a atividade nesse ano – quanto à política monetária bastante contracionista para tentar deter a inflação.
A taxa de desemprego elevada e a permanência das interrupções nas cadeias de fornecimento também devem ajudar a diminuir o ritmo de crescimento. Projeta-se um aumento do PIB de 4,6% para o Brasil, em 2021, e 1%, em 2022. Já o Rio Grande do Sul deverá crescer 9,6%, este ano e 1,6% no próximo. Entre os setores, a indústria do Rio Grande do Sul puxa a recuperação desde agosto de 2020 – está 1,5% acima do nível anterior ao da pandemia, enquanto os outros setores vêm paulatinamente tentando se recuperar. Mesmo assim em outubro de 2021 a indústria gaúcha ainda produziu 11,6% a menos em relação ao pico ocorrido no mesmo mês de 2013.
Para a federação, a boa expectativa na agropecuária e seus efeitos de transbordamento não serão suficientes para compensar uma dinâmica mais fraca dos demais setores. Pesará, nesse caso, contra um crescimento mais robusto, os gargalos nas cadeias de fornecimento e a massa de renda real crescendo em ritmo menor. Mas a inflação em alta, a crise de suprimentos e as perdas na produção não preocupam apenas o Brasil. Em nível internacional, explicou o economista André Nunes, o “descasamento” entre oferta e demanda provocou, em 12 meses, até novembro de 2021, elevação de 110% em dólar nas commodities energéticas, e de 165% em fertilizantes. A falta de semicondutores, problema que só deve estar sanado em 2023, causou impacto negativo de 6,5 milhões de unidades na produção mundial de veículos em 2021.
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